quarta-feira, 30 de junho de 2010

[Canadá] G20 Toronto: um estado policial em defesa do capitalismo

A CLAC 2010 denuncia a repressão policial, a uma escala sem precedentes no Canadá, ocorrida em Toronto, durante a cúpula do G20. A violência policial se junta agora com o anúncio de uma série de medidas de austeridade econômica (redução do déficit, aumento de impostos, cortes nos serviços sociais...), que constituem algumas das violências econômicas contra as populações.
As trabalhadoras e os trabalhadores são obrigados a pagar a fatura da última crise financeira, enquanto que aos bancos e ao setor financeiro, que são os responsáveis diretos dessa situação e que se beneficiaram com $20,000 bilhões em estímulos, não se vêem impor nenhuma nova regulamentação.
"As 900 detenções arbitrárias e políticas em Toronto não têm precedentes na história do Canadá, quase três vezes mais do que em outubro de 1970. A polícia violou os direitos fundamentais, detiveram pessoas durante horas sem acusações formais, sem deixá-las recorrer a advogados, sem comida ou água. Os policiais invadiram apartamentos sem mandatos, com ações de intimidação e de assédio, de seqüestro, com uso de força excessiva contra manifestantes e jornalistas. Vê-se muito bem que o estado policial e a violência econômica andam juntos", explica Danie Royer, da CLAC 2010.
"Todos os dias, em toda a parte do mundo, pessoas morrem como resultado direto de políticas econômicas e sociais postas em prática pelas elites reagrupadas neste órgão ilegítimo que é o G20. As reduções do déficit orgulhosamente anunciadas só agravarão as condições de vida de milhões de pessoas. Stephen Harper [primeiro-ministro do Canadá] e outros recordam que o objetivo destas medidas visava contentar e tranqüilizar os mercados financeiros. Nada sobre o meio ambiente, nada sobre as migalhas para a saúde das mulheres, nada sobre as conseqüências sociais da crise econômica, onde os imigrantes são as primeiras vítimas. Tudo para consolidar o capitalismo, um sistema econômico que favorece uma ínfima minoria em detrimento da grande maioria", comenta indignado Mathieu Francoeur, da CLAC 2010.
Tudo o que testemunhamos em Toronto visava silenciar os dissidentes e criminalizar os movimentos sociais. São táticas bem conhecidas para dividir as populações, quebrar a resistência e impor políticas regressivas. Entrou-se numa nova etapa na intensificação da repressão policial e nas concessões exigidas às populações.
Apelamos a todos os movimentos sociais a se mobilizarem em solidariedade com as vítimas do aparelho repressivo, que não fizeram mais do que expressar o seu desacordo com as políticas autoritárias, securitárias, racistas e anti-sociais.
A CLAC 2010 realizará um comício na quinta-feira, 1 de julho de 2010, ao meio-dia, no Carré Phillips, na esquina das ruas Sainte-Catherine e Union.
Convergência das Lutas Anti-Capitalistas - CLAC 2010
Montreal, 28 de junho de 2010.
A Convergência das Lutas Anti-Capitalistas Montreal 2010 (CLAC 2010) é uma rede de grupos e indivíduos que se reuniram para consolidar as suas respectivas lutas a nível local e mobilizar as suas comunidades para o G8 e G20.
Mais infos: www.clac2010.net
Tradução > Liberdade à Solta
agência de notícias anarquistas-ana
uma lua
e um lago gelado
refletem-se um ao outro
 
Hashimoto Takako

domingo, 27 de junho de 2010

Estatuto da Igualdade Racial: o debate que não houve

Por Jaqueline Lima Santos

Encontramos, no Movimento Negro, há alguns anos, diferentes posturas sobre o texto, tantas vezes alterado, para implementação desta lei.
Apresentado em 2005 pelo Senador Paulo Paim, a lei 6.264/05 tinha como objetivo geral "garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnico-raciais individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnico-racial". Ao longo desses cinco anos, uma série de alterações foram realizadas no texto original, provenientes de acordos e negociações entre as forças presentes no legislativo brasileiro, retrocedendo frente às reivindicações do Movimento Negro, estas construídas em encontros, congressos, seminários e conferências.
Inicialmente, a crítica maior é de que o Estatuto tem um caráter autorizativo, sem o poder de imposição legislativa, ou seja, não obriga o Estado Brasileiro, em todas as suas instâncias, a implementar os pontos nele apresentado. Outra crítica é a de que não havia nenhum recurso direcionado para a implementação do mesmo, logo, um Estatuto autorizativo, sem verba, seria implementado como? Se o Estado lhe garante o status de facultativo, e não direciona nenhum recurso para sua implementação, o Estatuto se configura, parafraseando Reginaldo Bispo, como a nova Lei Áurea, não muda nada, e continuamos reféns do racismo institucional, preconceitos, discriminações e da ausência de políticas específicas que atendam nossas demandas.
O debate que não houve, sobre esse estatuto, foi com a sociedade civil. O Estatuto não foi discutido em audiências públicas, e pouco se levou em consideração os documentos retirados em conferências, congressos e seminários de organizações do movimento negro sobre o mesmo, isto é, quando as organizações se propuseram a discutir o documento em questão, pois esse debate ficou esvaziado dentro desses próprios grupos, como se o Estatuto, independente do seu texto, trouxesse grandes avanços para nós, negras e negros. Muitos defendem o Estatuto sem ao menos conhecê-lo na íntegra, acompanhar o debate que está sendo travado em torno do mesmo, simplesmente por carregar o nome "Estatuto da Igualdade Racial". Ainda há uma alienação coletiva do processo.
O MNU (Movimento Negro Unificado), como resolução de Congresso Nacional, propôs na II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), e em debates públicos, a retirada desse Estatuto para que este fosse debatido pelos setores do movimento negro e sociedade civil, e posteriormente fosse apresentado ao Estado brasileiro. Esta proposta dividiu a delegação da II Conferência, que mesmo votando a favor do Estatuto, se posicionou contra as negociações partidárias que tirassem da pauta direitos reivindicados por negras e negros. Nossa organização tem travado um debate crítico sobre o Estatuto a mais de três anos, sem recuar em nossas reivindicações históricas e nos negamos a abrir mão dos nossos direitos, nos recusamos a trocá-los por migalhas.
Mesmo estes e outros problemas sendo levantados, o Estatuto, ao invés de avançar, levando em consideração os apontamentos trazidos por alguns setores movimento negro, retrocede novamente. Isto mostra como as vozes que ainda tem força na sociedade brasileira são as vozes das elites brancas, isto porque, nós negros, neste campo, não temos o direito de decidir sobre o nosso próprio futuro, e as políticas de Estado que são direcionadas para o nosso segmento ainda depende dos "superiores" sobre o que é o mais importante para nós, dou exemplos para esta afirmativa.
O Estatuto da Igualdade Racial aprovado no dia 16 de junho de 2010, fruto do acordo entre os DEMOcratas e a SEPPIR, esta ultima responsável pela Conferência Nacional de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, espaço onde delegadas e delegados de todo o Brasil se manifestaram contra a retirada de direitos reivindicados historicamente pela população negra do Estatuto, teve como suprimidos pontos referentes as ações afirmativas, identidade, direitos dos quilombolas e saúde da população negra. Segundo Reginaldo Bispo "o projeto diz não a titulação das áreas quilombolas, a cota no serviço publico, nas universidades, nas legendas partidárias. Não ao auto-reconhecimento identitário. Proíbe que doenças com maior incidência em negros, sejam consideradas assim (...)".
Para Jurema Werneck as mudanças no capítulo de saúde do Estatuto e a supressão quesito cor no atendimento do SUS desrespeitam deliberações construídas em espaços de democracia participativa, como o Conselho Nacional de Saúde, e ignora uma série de conquistas históricas no campo da saúde, além de prejudicar diretamente a população negra. Ignora as especificidades e os dados estatísticos que trazem a tona a vulnerabilidade e risco social que este segmento está submetido, o que contribuiu para o reconhecimento da necessidade de um atendimento específico para esta parcela da população. Logo concluí que "o Estatuto faz mal para a saúde da população negra, ao Sistema Único de Saúde, e à sociedade brasileira".
Frei Leandro, integrante da Educafro, considera este Estatuto "capenga, descaracterizado em sua origem e sem forças políticas para o movimento negro brasileiro. Com efeito, a aprovação satisfez as posturas conservadoras de algumas entidades negras. Porém, na verdade, o que foi aprovado foi um Estatuto do Senador Demóstenes Torres (DEM - GO) que fez descer goela a dentro um texto que, político e ideologicamente, representa o Partido Democratas, corado por seu conservadorismo e atraso social".

Guacira Cesar de Oliveira apresenta os argumentos do setor conservador que defende as alterações no Estatuto: "o estatuto vai racializar a sociedade brasileira, como se a idéia de raça, da superioridade branca e inferioridade negra não tivesse fundado o Brasil desde a colônia; não existe racismo no Brasil, como se quem vive o racismo na pele, na verdade estivesse sofrendo delírios; as quotas vão racializar a sociedade brasileira e gerar confrontos que hoje não existem, como se o assassinato de jovens negros pela polícia nesse país fosse uma peça de ficção". Estes argumentos, segundo ela, se contradizem com a realidade colocada, em que o racismo se expressam em dados de exclusão, preconceito e discriminação.
Hoje, anos depois, o Estatuto é colocado no centro do debate das redes do movimento negro. Alguns celebram, outros lamentam.
Edna Roland defende que não há mais negociações, e que o Estatuto de Demóstenes viola uma série e Convenções, Declarações e Documentos em que o Estado brasileiro assinou, e logo teria o compromisso de combater o racismo em forma de discriminação e preconceito, além de promover políticas de promoção da igualdade racial. Para Edna Roland, o Senador Demóstenes nega as contradições sociais produzidas pela escravidão e, ao substituir palavras como "derivadas da escravidão" do Estatuto, ao afirmar que no Brasil não há discriminação por causa da cor, ao defender a meritocracia, mutilou um projeto original construído pelo Senador Paulo Paim. Ela afirma também que é "impossível para o relator manter a coerência: não ousou retirar o Racial do nome do Estatuto, nem pode eliminar tais palavras dos conceitos discriminação racial ou étnico-racial, e desigualdade racial, mas pretende eliminar do conteúdo de tais conceitos.  Assim, o Senador Demóstenes Torres, se arvora o direito de mutilar não apenas o projeto do Estatuto, mas também a própria Convenção Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial: para ele raça não é um fator com base no qual ocorra a discriminação racial, já que ele insiste em utilizar uma definição genética de raça e geneticamente raça não existe.
Para ser coerente, o Senador deve propor o veto integral ao projeto, pois se trataria, segundo ele, de um projeto acerca de algo que não existe". Com isso, ela conclui afirmando que estamos por nossa própria conta, e que "não podemos esperar nada de um Senador da República com a mentalidade de um senhor de escravos: segundo ele qualquer política que promova a igualdade no mercado de trabalho vai produzir rancor dos que vão perder os seus privilégios e portanto não devem ser aprovadas", e que é preciso relembrar Palmares, se a história já mostrou o que deu certo, "há momentos em que somente a derrota pode nos salvar".
Segundo Onir de Araújo, membro do GT quilombola do MNU-RS, o Estado brasileiro, desde a conquista da Constituição de 1988, não cumpriu o seu papel de entregar os devidos títulos as terras quilombolas, e o Estatuto de Demóstenes, ao retirar o direito à titulação das terras quilombolas do texto original, marca a posição da bancada ruralista e reforça a ADI 3239 dos DEMOcratas, que defende os interesses dos grandes latifundiários e viola os direitos das comunidades quilombolas, ameaçando-as de perderem o direito a titulação de seus territórios. Não foi a toa que elegeram tal Senador para ser o relator desse projeto lei.
O propositor das alterações, Demóstenes Torres, é o mesmo que nas audiências públicas sobre cotas no STF, em março deste ano, negou as mazelas da escravidão brasileira e afirmou que as mulheres negras consentiram com os estupros dos quais foram vítimas de senhores brancos no período da colonização, utilizando este argumento para, mais uma vez, afirmar que nós constituímos uma harmonia racial, sem contradições e correlações de força. No caso do Brasil, por exemplo, a miscigenação não significou a ausência de racismo, mas a causa de uma racismo diferente, que envolve uma discussão sobre raça e sexualidade. A miscigenação ainda hoje é glorificada como exemplo da nossa "democracia racial", utilizada para justificar a existência de uma harmonia entre a Casa Grande e a Senzala, como dizia Gilberto Freire em seus escritos. O que não é levado em consideração é a violência pela qual foram expostas milhares de mulheres negras diante do sistema colonial, desconsidera-se os atos de violência sexual, estupros em detrimento do discurso de que não temos conflitos raciais e que somos um povo misturado.
Nós, negras e negros, que devemos ser os propositores, temos que ser protagonistas das nossas próprias histórias. Até quando teremos que ter nossas vozes caladas pelas vozes da elite branca, ou teremos que falar pelas vozes das elites brancas? Temos nossos próprios enunciados, e estes devem ser levados em consideração. Porém, nosso debate sobre esse Estatuto ainda está esvaziado.
No Brasil fala-se tanto da democracia participativa, da importância dos Conselhos e Conferências como forma de exercer o controle social sobre o Estado, mas diante desta questão eu me pergunto: quem tem exercido o controle social, a sociedade civil ou o Estado? Como afirma Silvany Euclênio, "fomos traídas e traídos".
Há quem jogue a culpa do fracasso do Estatuto nos críticos que colocaram os problemas desta lei em debate, defendendo que deveríamos ir para o Congresso Nacional pressionar os parlamentares para que a nossa pauta seja atendida. Ora, já fomos para conferências, congressos, seminários, organizamos marchas e caravanas, ajudamos a eleger uma série de parlamentares, e mesmo assim houve quem tentou esvaziar o debate crítico, e hoje temos esse Estatuto, fomos traídas e traídos. Não existe mais negociação, o Estado, a SEPPIR, o DEM e os adesistas desse Estatuto passaram por cima da democracia participativa.
Vamos aderir a Mobilização Nacional para que o Presidente Lula não sancione o Estatuto do Demóstenes e da SEPPIR.

sábado, 26 de junho de 2010

A degeneração do Congresso Nacional Africano

Agora percebe-se, em todos os níveis do partido, que ele é um meio para a incorporação pessoal numa determinada minoria que se aproveita das crescentes desigualdades da sociedade. A degeneração do Congresso Nacional Africano chegou a um ponto tal que, hoje, ele representa um perigo para a integridade da sociedade da África do Sul. Jacob Zuma (foto), presidente do ANC desde 2007 e da África do Sul desde 2009 é uma figura muito controversa e está envolvido em diversos escândalos e processos judiciais de fraudes e corrupção. O artigo é de Richard Pithouse, professor de Política na Universidade de Rhodes.
Artigo publicado em português no Esquerda.Net.

A degeneração do Congresso Nacional Africano (1) chegou a um ponto tal que, hoje, ele representa um perigo para a integridade da sociedade.
Julius Malema (2) é um dos exemplos mais ilustrativos da maneira como um movimento empenhado na libertação nacional se tornou, nas palavras de Franz Fanon, «um instrumento de progresso pessoal». Mas Malema não é o único. O Communication Workers Union (sindicato das comunicações) tem toda a razão quando diagnostica um “Keebleismo profundamente enraizado” dentro do ANC [em referência a Brett Keeble, um homem de negócios sul-africano de reputação demoníaca, NDT].

Há pouco tempo soube-se que Nonkululeko Mhlongo, mãe de dois filhos de Jacob Zuma (3), dispõe de contratos de vários milhões de rands [a moeda nacional sul-africana, NDT] para o abastecimento do KwaZulu Natal. A mulher e a filha de Zweli Mkhise ganharam uma licitação de 3 milhões de rands do Departamento dos Serviços Correccionais. Este tipo de coisas acontece há anos e não se pode atribuir a alguns indivíduos problemáticos. Ao contrário, em casos como o do negócio de armas e o jogo duplo de Valli Moussa entre o Eskom [a companhia eléctrica nacional da África do Sul, NDT] e o Comitê de Angariação de Fundos do ANC, era a organização no seu todo que estava profundamente comprometida. Esta também se compreteu coletivamente por se recusar sempre a tomar uma posição clara contra os indivíduos envolvidos em práticas duvidosas.

Pode ser verdade que o peixe começa a apodrecer pela cabeça, mas é essencial compreender que a degeneração do ANC não resulta apenas do aumento do poder de uma elite predadora dentro do partido. Houve um tempo em que se acreditou que o poder era um projeto político coletivo que iria transformar a sociedade de baixo para cima. Agora percebe-se, em todos os níveis do partido, que ele é um meio para a incorporação pessoal numa determinada minoria que se aproveita das crescentes desigualdades da sociedade. De certo modo, este processo, mesmo que conduzindo a uma desracialização da hegemonia, não deixa muito espaço para a esperança numa sociedade melhor, se a isso limitarmos as nossas aspirações.

O ANC abandonou a linguagem da justiça social em favor da ilusão de uma linguagem pós-política de “distribuição”. Essa linguagem considera que o Estado só está obrigado a satisfazer as necessidades mais básicas da sobrevivência e que se trata de uma simples questão de eficiência técnica. O problema com a linguagem da distribuição é que a distribuição é as mais das vezes, em si mesma, uma estratégia de contenção das aspirações populares, mais do que uma estratégia para se atingir a prosperidade humana universal. Atirar com as pessoas para ”oportunidades de habitação” em guetos periféricos onde pouco mais há a esperar do que alguma assistência para as crianças ou a possibilidade de um emprego precário, contribuindo para evitar que as pessoas se manifestem na rua, promove o desenvolvimento no sentido mais preverso do termo.

O segundo problema é que a ilusão de que o desenvolvimento, sendo uma questão pós-política de o governo trabalhar mais depressa, mais afincadamente e mais inteligentemente, não leva em linha de conta as realidades políticas profundas que informam qualquer projeto de desenvolvimento. Há que tomar decisões políticas sobre questões como a de saber se, sim ou não, o valor social dos terrenos e dos serviços deve prevalecer sobre o seu valor comercial. Quando essas questões não são politicamente consideradas, o “fornecimento de serviços” só pode ser canalizado para as margens da sociedade, com o resultado de se tornar um processo de efetiva marginalização.

Mas a natureza política inevitável do desenvolvimento não diz respeito apenas à competição entre os interesses dos pobres de um lado e, do outro, o poder dos ricos e das empresas. Há também um jogo político entre as pessoas que estão no terreno e as elites locais do partido. É frequente ver os funcionários locais tentando, de boa fé, seguir as diretivas dos dirigentes políticos, mas verem os seus esforços para implementar um desenvolvimento tecnocrático desviados pelas elites locais do partido para seu próprio proveito. Nem sempre se trata de simples pilhagem. Muitas vezes, a atribuição de uma casa e de serviços, como todos os contratos envolvidos nesse processo, é submetida aos sistemas de clientelismo e de apadrinhamento com os quais, frequentemente, o ANC consolida o apoio político ao partido ao nível local. Em muitos casos, os projetos de desenvolvimento, justificados em nome da satisfação das necessidades do povo, tornam-se projetos basicamente orientados para a consolidação de alianças nas micro-estruturas locais do partido. Os diferentes comitês, incluindo o comitê executivo do ramo local, estão povoados por uma multidão de mini-Malemas.

Segundo a análise de Franz Fanon, é inevitável haver um autoritarismo subjacente que acompanha a degeneração de um partido num “instrumento de progresso pessoal”. Escreve ele que o partido «ajuda o governo a subjugar o povo. Torna-se cada vez mais claramente antidemocrático, uma ferramenta de coerção». Um partido que diz, e que tem de continuar a dizer, que aquilo que faz é para o povo mas que, de fato, se tornou um instrumento de progresso pessoal graças às cumplicidades de dominação, terá inevitavelmente de sossobrar na paranóia e no autoritarismo, ao tentar resolver a quadratura do círculo, pretendendo, para si próprio e para toda a gente, que o enriquecimento privado é de certo modo o verdadeiro fruto da libertação nacional.

Na África do Sul contemporânea, não é nada inabitual encontrar pessoas que vivem no temor dos conselheiros locais e dos seus comitês executivos. De fato, não é exagero afirmar que nós desenvolvemos um sistema político a dois terços, com direitos políticos liberais para as classes médias e restrições cada vez mais severas aos direitos políticos básicos dos pobres.

Os movimentos políticos dos pobres têm sido, desde há muito tempo, objecto de uma repressão ilegal e violenta por parte das elites políticas locais. Mas, ao normalizarem-se, tornaram-se cada vez mais descaradas. O apoio entusiástico de figuras-chave do ANC local e provincial aos ataques contra o Abahlali Mjondolo em Durban, em Setembro do ano passado, constitui um dos pontos mais baixos a que desceu o ANC na África do Sul pós-apartheid. Mas o que aconteceu a Chumani Maxwele (4), o jogger da Cidade do Cabo sobre quem se abateu a paranóia por vezes lunática do ANC, conseguiu, mais do que qualquer outro acontecimento, expor publicamente o autoritarismo paranóico que se entranhou profundamente no ANC.

Claro que há pessoas e tendências no partido que se opõem ao modo como se tornou uma excrescência predadora da sociedade. Mas o ANC deixou de ter uma efetiva visão política e desconfia, profunda e por vezes violentamente, de qualquer ação política que surja de baixo – seja ela originada dentro ou fora do partido. Pode fazer declarações contra a corrupção, mas a verdade é que a máquina política que lhe permite ganhar eleições assenta por sistema no nepotismo, no clientelismo e na corrupção. Por isso não pode opor-se a isso sem fudamentalmente de opor àquilo em que se tornou. E não parece, de todo, que haja qualquer perspectiva real de que a organização possa desenvolver uma verdadeira visão política que lhe permita mobilizar-se contra si própria – contra aquilo que o Sindicato Nacional dos Metalúrgicos designou como “o gangue dos saqueadores” que comprometeu o ANC a todos os níveis. Se há alguma possibilidade de propor uma visão política alternativa, é bem possível que tal venha a incumbir aos sindicatos, aos movimentos do povo pobre e às igrejas que já se tornaram a consciência da nossa sociedade.

Tradução: Passa Palavra/Esquerda.Net

Notas do tradutor

(*) Richard Pithouseé professor de política na Universidade de Rhodes. Este artigo foi publicado originalmente em inglês por The South African Civil Society Information Service.

(1) O African National Congress [ANC] foi fundado em 1912 com o nome South African Native National Congress (SANNC) para lutar pelos direitos das populações nativas. Foi ele que conduziu todo o movimento de libertação que viria a conseguir, em Abril de 1994, o estabelecimento de uma democracia parlamentar não-racial, de que o primeiro presidente foi a sua figura mais emblemática, Nelson Mandela. Desde então governa o país, numa aliança tripartida com o COSATU (Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos) e o SACP (Partido Comunista da África do Sul).

(2) Julius Malema, de 29 anos, atual presidente da organização de juventude do ANC, é conhecido pelo seu estilo de vida opulento, que contrasta com as suas retumbantes e polêmicas declarações acerca das diferenças entre ricos e pobres.

(3) Jacob Zuma é presidente do ANC desde 2007 e presidente da África do Sul desde 2009. Figura muito controversa, tem estado envolvido em diversos escândalos e processos judiciais de fraudes e corrupção. Zuma é polígamo, o que é permitido na África do Sul.

(4) Em Fevereiro último, Chumani Maxwele, um estudante de 25 anos, estava fazendo jogging quando na estrada passou a caravana do presidente Zuma. O jovem teria protestado contra o barulho e feito algum gesto obsceno na direção das viaturas. De imediato foi preso e levado num BMW dos seguranças. Ficou detido 24 horas, sofreu interrogatórios e maus tratos, a sua casa foi toda revistada por polícias à paisana, e só foi libertado, sem julgamento, depois de assinar um pedido de desculpas ao presidente.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Música como principio organizacional... Seção Especial









Moda e afro-perspectividade: “com que roupa eu vou?”

Renato Nogueira Jr.
Professor do Departamento de
Educação e Sociedade da UFRRJ

Existem dezenas de programas nas tvs abertas e fechadas que propõem a “transformação” de mulheres e homens – em escala menor – passando pelo corte e processamento químico do cabelo (não nesta ordem necessariamente), além de um novo guarda-roupa e maquiagem completa. Não sou assíduo espectador desses programas; mas, todos os quatro ou cinco que assisti pareciam ter a mesma equipe de produção, direção e até os mesmos patrocinadores; salvo pequenas diferenças, todos propõem o alisamento do cabelo, maquiagem que ressalte feições caucasianas, roupas ocidentais que ajudem a tornar a silhueta das mulheres mais semelhantes às modelos de passarela. Não posso deixar de registrar duas coisas: em primeiro lugar, minha amostra é restrita e não se trata de uma análise científica; tão somente, um ponto de vista. E, por fim: afro-perspectividade é o ponto de vista que busco imprimir diante desse fenômeno das transformações feitas em programas de tv. Cabe acrescentar que afro-perspectividade pode ser definida como um ponto de vista que procura a valorização estética, política, social, afetiva, ética e espiritual dos povos africanos e da diáspora africana.

Pois bem, voltando aos programas do tipo fique mais bonita, alisando o cabelo e usando roupas de griffes ocidentais, o cenário e roteiro são simples: entra uma mulher negra – seja retinta, menos pigmentada ou de quaisquer tonalidades – ela está com o cabelo semi-processado quimicamente e desalinhado, usando roupas coladas ao corpo e conforme padrões que não são clínicos: classificada como acima do peso. A apresentadora diz que o cabelo da mulher é crespo, suas roupas são inadequadas e todo o resto está errado. Numa visão afro-perspectivista cabelos não são crespos, muito menos duros ou ruins (coisa que já foi dita por apresentadoras e apresentadores e rolam em várias rodas de conversas). O cabelo da “contemplada” é lanoso, de fios finos e não precisa ser “corrigido”; afinal, propor correção é sugerir que existe um erro. No caso do cabelo, a “contemplada” já teria nascido errada. Essa visão monocultural é descrita como o “bom gosto” e vai sendo impregnada nas espectadoras e espectadores como o melhor modo de usar o cabelo, sugerindo que se trata de uma “escolha”. A indústria do alisamento é indissociável do projeto supremacista branco que define a beleza a partir de referenciais europeus. Com os trajes se dá o mesmo, numa sociedade multicultural, a indústria da moda continua marginalizando vestuários de matrizes africanas e indígenas. Numa sociedade multicultural, intercultural e de vasta diversidade etnicorracial, a eleição de alguns tipos de vestimentas étnicas como as mais chiques e apropriadas é de se estranhar. Porque além de ser restritivo, parece revelar um projeto de busca de hegemonia branca e manutenção da invisibilidade das culturas não-européias.  Por conseguinte, a obrigatoriedade dissimulada que institui o terno e gravata como o melhor para vestir os homens em ocasiões especiais, tal como negócios e casórios é um belo exemplo de intolerância – uma das faces do racismo.

É preciso cultivar a efetiva diversidade etnicorracial. O que passa pelo uso do cabelo de fio fino ou lanoso sem processamento, uso e abuso de tecidos africanos, turbantes, batas e todos os acessórios possíveis assentados nas raízes africanas. Paralelamente, a violência simbólica da celebração contínua e renitente do branqueamento e europeização como se fossem padrões chiques precisa ser combatida. Não se trata de nada além de buscar a contemplação da verdadeira composição da sociedade brasileira. Os dados do IBGE de 2007 apontavam, naquela época, que a população negra (pretos e pardos) representava 50,6% do total de habitantes do território nacional; mas, segue sendo subrepresentada nos meios de comunicação e tendo seu fenótipo desclassificado. Basta ler rótulos de shampoos “étnicos” que dizem: “para cabelos rebeldes e sem vida”.  Uma ressalva, por que brancas e brancos não seriam étnicos? Com efeito, não é possível que a indústria da beleza continue fingindo que o Brasil é de maioria branca, o que, se fosse o caso, também não justificaria a invisibilidade e subalternização das estéticas negras. É preciso imprimir uma afro-perspectividade na indústria da beleza, positivando, glamourizando e naturalizando os diversos tipos de beleza negra, passando pela maquiagem, valorização do cabelo lanoso e uso de roupas africanas. Do contrário, as perversas ofensivas do racismo permanecem fazendo milhões de vítimas diariamente. Por isso se me questionam, como se deve ir para rodas de bambas? Pergunto e respondo. Com que roupa eu vou?!  Bubu, cordão feito de búzios de Benin e sandálias de griot.

Fonte: Coluna Afro-Perspectivas Filosóficas

terça-feira, 22 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Racistas controlam a revista Veja


Altamiro Borges

Na sua penúltima edição, a revista Veja estampou na capa a foto de uma mulher negra, título de eleitor na mão e a manchete espalhafatosa: “Ela pode decidir a eleição”. A chamada de capa ainda trazia a maldosa descrição: “Nordestina, 27 anos, educação média, R$ 450 por mês, Gilmara Cerqueira retrata o eleitor que será o fiel da balança em outubro”. O intuito evidente da capa e da reportagem interna era o de estimular o preconceito de classe contra o presidente Lula, franco favorito nas pesquisas eleitorais entre a população mais carente. A edição não destoava de tantas outras, nas quais esta publicação da Editora Abril assume abertamente o papel de palanque da oposição de direita e destina veneno de nítido conteúdo fascistóide.

Agora, o escritor Renato Pompeu dá novos elementos que apimentam a discussão sobre a linha editorial racista desta revista. No artigo “A Abril e o apartheid”, publicado na revista Caros Amigos que está nas bancas, ele informa que “o grupo de mídia sul-africano Naspers adquiriu 30% do capital acionário da Editora Abril, que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país. Para tanto, pagou 422 milhões de dólares. A notícia é de maio e foi publicada nos principais órgãos da mídia grande do Brasil. Mas não foi dada a devida atenção ao fato de a Naspers ter sido um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e ter prosperado com a segregação racial”.

Líderes da segregação racial

A Naspers tem sua origem em 1915, quando surgiu com o nome de Nasionale Pers, um grupo nacionalista africâner (a denominação dos sul-africanos de origem holandesa, também conhecidos como bôeres, que foram derrotados pela Grã-Bretanha na guerra que terminou em 1902). Este agrupamento lançou o jornal diário Die Burger, que até hoje é líder de mercado no país. Durante décadas, o grupo, que passou a editar revistas e livros, esteve estreitamente vinculado ao Partido Nacional, a organização partidária das elites africâneres que legalizou o detestável e criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial.

Como relata Renato Pompeu, “dos quadros da Naspers saíram os três primeiros-ministros do apartheid”. O primeiro diretor do Die Burger foi D.F. Malan, que comandou o governo da África do Sul de 1948 a 1954 e lançou as bases legais da segregação racial. Já os líderes do Partido Nacional H.F. Verwoerd e P.W. Botha participaram do Conselho de Administração da Naspers. Verwoerd, que quando estudante na Alemanha teve ligações com os nazistas, consolidou o regime do apartheid, a que deu feição definitiva em seu governo, iniciado em 1958. Durante a sua gestão ocorreram o massacre de Sharpeville, a proibição do Congresso Nacional Africano (que hoje governa o país) e a prolongada condenação de Nelson Mandela.

Já P. Botha sustentou o apartheid como primeiro-ministro, de 1978 a 1984, e depois como presidente, até 1989. “Ele argumentava, junto ao governo dos Estados Unidos, que o apartheid era necessário para conter o comunismo em Angola e Moçambique, países vizinhos. Reforçou militarmente a África do Sul e pediu a colaboração de Israel para desenvolver a bomba atômica. Ordenou a intervenção de forças especiais sul-africanas na Namíbia e em Angola”. Durante seu longo governo, a resistência negra na África do Sul, que cresceu, adquiriu maior radicalidade e conquistou a solidariedade internacional, foi cruelmente reprimida – como tão bem retrata o filme “Um grito de liberdade”, do diretor inglês Richard Attenborough (1987).

Os tentáculos do apartheid

Renato Pompeu não perdoa a papel nefasto da Naspers. “Com a ajuda dos governos do apartheid, dos quais suas publicação foram porta-vozes oficiosos, ela evoluiu para se tornar o maior conglomerado da mídia imprensa e eletrônica da África, onde atua em dezenas de países, tendo estendido também as suas atividades para nações como Hungria, Grécia, Índia, China e, agora, para o Brasil. Em setembro de 1997, um total de 127 jornalistas da Naspers pediu desculpas em público pela sua atuação durante o apartheid, em documento dirigido à Comissão da Verdade e da Reconciliação, encabeçada pelo arcebispo Desmond Tutu. Mas se tratava de empregados, embora alguns tivessem cargos de direção de jornais e revistas. A própria Naspers, entretanto, jamais pediu perdão por suas ligações com o apartheid”.

Segundo documentos divulgados pela própria Naspers, em 31 de dezembro de 2005, a Editora Abril tinha uma dívida liquida de aproximadamente US$ 500 milhões, com a família Civita detendo 86,2% das ações e o grupo estadunidense Capital International, 13,8%. A Naspers adquiriu em maio último todas as ações da empresa ianque, por US$ 177 milhões, mais US$ 86 milhões em ações da família Civita e outros US$ 159 milhões em papéis lançados pela Abril. “Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora”. Isto comprova que o poder deste conglomerado, que cresceu com a segregação racial, é hoje enorme e assustador na mídia brasileira.

Os interesses alienígenas

Mas as relações alienígenas da revista Veja não são recentes nem se dão apenas com os racistas da África do Sul. Até recentemente, ela sofria forte influência na sua linha editorial das corporações dos EUA. A Capital International, terceiro maior grupo gestor de fundos de investimentos desta potência imperialista, tinha dois prepostos no Conselho de Administração do Grupo Abril – Willian Parker e Guilherme Lins. Em julho de 2004, esta agência de especulação financeira havia adquirido 13,8% das ações da Abril, numa operação viabilizada por uma emenda constitucional sancionada por FHC em 2002.

A Editora Abril também têm vínculos com a Cisneros Group, holding controlada por Gustavo Cisneros, um dos principais mentores do frustrado golpe midiático contra o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. O inimigo declarado do líder venezuelano é proprietário de um império que congrega 75 empresas no setor da mídia, espalhadas pela América do Sul, EUA, Canadá, Espanha e Portugal. Segundo Gustavo Barreto, pesquisador da UFRJ, as primeiras parcerias da Abril com Cisneros datam de 1995 em torno das transmissões via satélites. O grupo também é sócio da DirecTV, que já teve presença acionária da Abril. Desde 2000, os dois grupos se tornaram sócios na empresa resultante da fusão entre AOL e Time Warner.

Ainda segundo Gustavo Barreto, “a Editora Abril possui relações com instituições financeiras como o Banco Safra e a norte-americana JP Morgan – a mesma que calcula o chamado ‘risco-país’, índice que designa o risco que os investidores correm quando investem no Brasil. Em outras palavras, ela expressa a percepção do investidor estrangeiro sobre a capacidade deste país ‘honrar’ os seus compromissos. Estas e outras instituições financeiras de peso são os debenturistas – detentores das debêntures (títulos da dívida) – da Editora Abril e de seu principal produto jornalístico. Em suma, responsáveis pela reestruturação da editora que publica a revista com linha editorial fortemente pró-mercado e anti-movimentos sociais”.

Um ninho de tucanos

Além de ser controlada por grupos estrangeiros, a Veja mantém relações estreitas com o PSDB, que é o núcleo orgânico do capital rentista, e com o PFL, que representa a velha oligarquia conservadora. Emílio Carazzai, por exemplo, que hoje exerce a função de vice-presidente de Finanças do Grupo Abril, foi presidente da Caixa Econômica Federal no governo FHC. Outra tucana influente na família Civita, dona do Grupo Abril, é Claudia Costin, ministra de FHC responsável pela demissão de servidores públicos, ex-secretária de Cultura no governo de Geraldo Alckmin e atual vice-presidente da Fundação Victor Civita.

Não é para menos que a Editora Abril sempre privilegiou os políticos tucanos. Afora os possíveis apoios “não contabilizados”, que só uma rigorosa auditoria da Justiça Eleitoral poderia provar, nas eleições de 2002, ela doou R$ 50,7 mil a dois candidatos do PSDB. O deputado federal Alberto Goldman, hoje um vestal da ética, recebeu R$ 34,9 mil da influente família; já o deputado Aloysio Nunes, ex-ministro de FHC, foi agraciado com R$ 15,8 mil. Ela também depositou R$ 303 mil na conta da DNA Propaganda, a famosa empresa de Marcos Valério que inaugurou um ilícito esquema de financiamento eleitoral para Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB. Estes e outros “segredinhos” da Editora Abril ajudam a entender a linha editorial racista da revista Veja e a sua postura de opositora radical do governo Lula.

Altamiro Borges é jornalista, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago....






"É urgente voltar à filosofia e à reflexão"

É a melhor despedida que um escritor pode ter. Leitores e amigos de todos os cantos do mundo fazem suas homenagens, compartilhando a certeza de haverá sempre muito para ler e reler. E reler, como ensinou José Saramago, é uma das armas para enfrentar a presença e o avanço da barbárie no mundo. A melhor maneira de homenagear Saramago e honrar o seu legado é mantendo suas palavras vivas, circulando pelo mundo. É essa a homenagem que a Carta Maior quer prestar neste momento, dedicando o editorial desta semana à palavra e ao exemplo de vida deixado pelo escritor português.

Editorial - Carta Maior

Assista ao vídeo da palestra feita por José Saramago no Fórum Social Mundial 2005, em Porto Alegre. (Acervo Carta Maior)

“Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objetivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objetivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem idéias, não vamos a parte nenhuma”.




Esse é o último post publicado no site Cadernos de Saramago, que reproduz um trecho de uma entrevista do escritor português, que morreu nesta sexta-feira (21), à revista do Expresso, de Portugal. A frase é uma das possíveis sínteses do legado de Saramago que dedicou boa parte dos últimos anos de sua vida para denunciar o empobrecimento do mundo, da palavra e da experiência humana. Um mundo que ficou um pouco ainda mais pobre com o anúncio da Fundação José Saramago publicado hoje na página oficial do autor:

“Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em conseqüência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranqüila”.

Na página da Fundação Saramago no Facebook, muitas despedidas emocionadas:

-Hoy parte de mi se ha ido contigo! descansa en paz – escreveu Jesus Freire.

- Un temblor que me sacudió del sueño a las 3am, me despertó dejándome inquieta y en vela. Que iba a saber yo, que el Elefante había partido en viaje. Feliz viaje Saramago y luz para tu camino – desejou Leslye Tánchez.

- «A história acabou, não haverá nada mais que contar.» in Caim by JS
Mas haverá sempre muito para reler... – consolou André Olim.

- Poderíamos dar um milhão de razões para sermos neste momento um milhão de Saramagos, mas não vamos dar nenhuma: quem queira ser Saramago, que se revele, que se junte. Ser Saramago é bom, ser um milhão de Saramagos é melhor. Obrigado, amigos – escreveram os amigos da Fundação José Saramago.

Leitores e amigos de todos os cantos do mundo partilham essas homenagens neste momento, compartilhando com André Olim a certeza de haverá sempre muito para reler. E reler, como ensinou Saramago, é uma das armas para enfrentar a presença e o avanço da barbárie no mundo. A melhor maneira de homenagear Saramago e honrar o seu legado é mantendo suas palavras vivas, circulando pelo mundo. É essa a homenagem que a Carta Maior quer prestar neste momento, dedicando o editorial desta semana à palavra e ao exemplo de vida deixado por Saramago. Honrou a vida e mostrou um dos pontos altos a que a humanidade pode chegar. Os trechos a seguir fazem parte de textos de Saramago publicados aqui na Carta Maior:

Onde está a esquerda?
"Imaginei, quando há um ano rebentou a burla cancerosa das hipotecas nos Estados Unidos, que a esquerda, onde quer que estivesse, se ainda era viva, iria abrir enfim a boca para dizer o que pensava do caso. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, covardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo (...)".

“(...) Já tenho a explicação: a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, cobardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo. Por isso não se estranhe a insolente pergunta do título: “Onde está a esquerda?” (Onde está a esquerda?, 14/10/2008)

A não-utopia
“O único lugar que existe é o dia de amanhã, a nossa utopia é fazer alguma transformação já. Não há tempo para gastar em discussões e movimentos de mobilização que resultarão em alguma melhora na qualidade global de vida somente em 2043 ou, pior, daqui a 150 anos. Quem nos garante que no futuro as pessoas estarão interessadas naquilo em que agora estamos? Para as cinco bilhões de pessoas que vivem na miséria, utopia é nada”. (Saramago defende a não utopia, 01/02/2005)

A ilusão do mundo democrático
“O poder econômico sempre existiu, o poder político sempre esteve ligado a ele, sempre existiu um concubinato entre esses dois poderes. Mas os cidadãos estão aqui embaixo. E como eles poderiam expressar suas angústias, dúvidas e necessidades junto a este poder econômico? Em princípio, seria através do mesmo governo que serve de correia de transmissão. Mas não podemos ter qualquer esperança de que esses governos digam ao poder econômico, representado hoje pelo FMI, que as condições que vocês nos impõem são terríveis. Há um problema, que na minha opinião, é fundamental da democracia: ou ela transcende o poder da tal bolha que falei, tendo uma ação fora dela, ou vamos continuar a viver na ilusão do mundo democrático”. (José Saramago questiona a ilusão do mundo democrático, 23/08/2004)

Retorno à filosofia para salvar democracia
“Todos os dias uma comédia vergonhosa que se chama democracia é encenada. Nesta comédia, pode-se debater de tudo, menos a própria democracia. A falsidade central deste modelo reside no fato de que o poder econômico é o mesmo que o poder político. O único antídoto para reverter esse mau funcionamento da democracia é construir uma sociedade crítica que não se limite a aceitar as coisas pelo que elas parecem ser e depois não são, mas se faça perguntas e diga não sempre que for preciso dizer não. Para isso, é urgente voltar à filosofia e à reflexão” (Saramago prega retorno à filosofia para salvar democracia, 20/01/2004)
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

sábado, 12 de junho de 2010

Pobres foram removidos para embelezar a Cidade do Cabo, acusam ativistas

Moradores pobres na Cidade do Cabo foram removidos de albergues e prédios invadidos perto de estádios e pontos turísticos e realocados em Blikkiesdorp, um assentamento de barracões de ferro ondulado cercado por um muro de concreto, informa o jornal americano "The Washington Post", após denúncias de ativistas de direitos humanos.
O motivo para estarem ali? "A Copa do Mundo", responde ao jornal Shirley Fisher, 41, que foi retirada de um albergue perto de um estádio onde as estrelas do futebol treinam.
Segundo o "Washington Post", ativistas de direitos humanos acusam as autoridades sul-africanas de forçarem milhares de pobres a mudaram-se para Blikkiesdorp e outros assentamentos, para apresentar uma boa imagem durante a Copa.
"Estamos vivendo em um campo de concentração", diz ao jornal Padru Morris, 47, outro morador.
Em Blikkiesdorp, milhares de pessoas vivem em barracões de um cômodo, cada um ocupado por entre cinco e sete pessoas, que têm de dividir as camas. Quatro barracões dividem um banheiro e uma torneira, segundo a reportagem.
Como o local fica longe do centro, os moradores reclamam que é muito caro se locomover e que não têm dinheiro para levar seus filhos à escola ou ao médico, informa o jornal.
"Esse é um depósito de lixo para pessoas", disse Jane Roberts, uma moradora e ativista da Campanha Contra Expulsão do Oeste do Cabo. "É como o apartheid, apenas praticado por caras novas", disse ao jornal.
Blikkiesdorp foi construído há dois anos para pessoas que ocupavam prédios ilegalmente, e autoridades de Cidade do Cabo dizem que o lugar serve como "área de realocação temporária" até que se consiga construir moradias apropriadas, diz o jornal.
"Reconhecemos que Blikkiesdorp não é uma solução perfeita, mas é o que podemos fazer com os recursos existentes", disse Kylie Hatton, porta-voz de uma subprefeitura, em entrevista ao "Washington Post". Ela defende que ninguém foi "removido deliberadamente" de nenhuma região por causa da Copa.
Em março, a enviada especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para moradias adequadas, Raquel Rolnik, reportou que cidades como Cidade do Cabo estavam priorizando "embelezamento acima das necessidades dos moradores locais".
Segundo o jornal, a Anistia Internacional também reportou casos crescentes de assédio de policiais contra os pobres, incluindo expulsão de sem-tetos e de moradores de ruas de áreas próximas a localidades da Copa e destruição de "moradias informais".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

“Matar o filho na frente da mãe é psicopatia”

Por racismoambiental, 10/06/2010 11:41
O texto abaixo foi enviado pela autora e é um registro indignado da audiência pública realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo, sobre o genocídio contra jovens negros realizado por alguns policiais.
Por Ruth Alexandre de Paulo Mantoan
A frase destacada como título é de Milton Barbosa, do Movimento Negro Unificado, grupo que nasceu em 18 de junho de 1978, 32 anos atrás, porque um jovem negro, Robson Silveira, foi torturado até a morte. “O Delegado foi condenado e não passou um dia sequer na prisão”, lembra Milton. Nesta quarta-feira, 9 de junho de 2010, três décadas depois, o assassinato pela polícia, de jovens pobres e negros continua em discussão: Josenildo, na Favela Naval, e o dentista Flávio Santana. Nos últimos dois meses, dois motoboys: Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, 30 anos, no batalhão da Casa Verde, zona norte de São Paulo, foi assassinado no dia 9 de abril, depois de ser detido por policiais. Um mês depois, na madrugada de sábado para domingo, Dia das Mães, Alexandre Menezes dos Santos, 25 anos, foi espancado até a morte por policiais militares na frente de sua mãe, que ainda foi ameaçada quando em vão tentava tirar o filho das mãos de seus algozes.
Quem mora ou acompanha a vida da periferia com certeza conhece casos semelhantes. Ano 1984. Três jovens negros desciam uma ladeira no Jardim Carumbé, Zona Norte, e foram parados pela polícia. Segundo relatos das testemunhas, um dos policiais olhou para o jovem do meio, 18 anos, e declarou que ele tinha cara de ladrão. E deu um tiro de calibre doze em seu abdome. O jovem era ajudante do pai, pintor de paredes muito requisitado, e se não estava na lida, estava dentro de casa, vendo televisão. Quem pesquisar nos arquivos dos jornais da época vai encontrar os detalhes.
E o filho da dona Ana? A mãe estava em casa na Vila Icaraí, região da Brasilândia, e esperava o filho chegar do trabalho porque ele traria o dinheiro para pagar o pedreiro. De casa viu algumas luzes de carro de polícia num terreno baldio que tinha nos fundos de sua casa. Seu filho não chegou. Mais um trabalhador jovem e negro morto do mesmo jeito. Algum tempo depois, dona Ana, que nunca mais foi a mesma, morreu do coração sentada dentro de um ônibus. Infelizmente são muitos os casos. Alguns conseguem furar o cerco e chamar a atenção da sociedade, mas a esmagadora maioria passa desapercebida. Nem o nome dos mortos é citado: “Chacina”, “Acerto de contas”, “Resistência Seguida de Morte”.
No encontro de ontem foi questionado: “Que resistência seguida de morte é essa, que a vítima leva tiro na nuca, outros morrem com as mãos na frente do rosto, em posição de defesa?”. Os livros Rota66, do jornalista Caco Barcelos, e Crimes de Maio, organizado por Rose Nogueira, mostram em detalhes esta contradição.
Nem o volume de assassinatos de maio de 2006 conseguiu acordar a sociedade para este genocídio silencioso que ocorre nas periferias. Também naquela época a sociedade ficou com a impressão que todo mundo que morria era do crime organizado, “resistência”…  Entre os dias 12 e 20 de maio do ano de 2006,  493 mortos a tiros: 475 homens e 18 mulheres. 62% entre 21 e 41 anos, com média de 5,8 tiros cada um. Os tiros foram dados à curta distância em 51 vítimas; em 11 delas a arma estava encostada. Apenas 9,87% dos disparos foram feitos nos membros inferiores. Os alvos principais foram tórax, cabeça, abdome (consideradas áreas vitais) e membros superiores. Mais os desaparecidos.
Segundo o Advogado Ariel de Castro Alves, até o momento, dos 493 assassiantos, 10 mortes de policiais foram a julgamento, e apenas dois casos de civis chegaram à justiça, mas ainda não foram julgados. Não se vê a grande imprensa abordar o fato. Ontem o auditório estava repleto de familiares, autoridades, lideranças. Hoje, silêncio: nada aconteceu.
Ontem, na audiência pública, uma “Mãe de Maio” gritou : “Não são só os negros; são os jovens pobres!” Me fez lembrar a triste história  de Ricardo Frauzino, que conseguiu quebrar o silêncio da grande imprensa. Ele estava de casamento marcado. Por conta dos atentados do crime organizado e reação da polícia, Rogério ficou esperando a noiva no final da escadaria, próximo ao ponto de ônibus, onde ela descia. Foi arrastado, espancado e morto a tiros. No dia seguinte assinaria o contrato da casa. 250 convites foram distribuídos para o casamento com Vanessa Pereira, que não aconteceu no dia 8 de junho, na Igreja Nossa Senhora da Candelária, zona norte.
A Conectas Diretos Humanos, fez uma pesquisa minuciosa com os laudos das 493 vítmas. É preciso jogar luz sobre o que realmente está acontecendo há muito tempo. Até o momento temos muita  espetacularização de crimes em busca de audiência.
Ontem, na audiência, o Coronel Luiz de Carlos Júnior, que representou o Comandante da PM Álvaro Camilo, afirmou que qualquer discriminação que por ventura tenha ocorrido não é institucional; que a corporação é preparada para defender a vida e a sociedade: “Tudo o que foi denunciado será encaminhado para buscar uma resposta digna à sociedade”.
Douglas Belchior, do Uneafrobrasil, fez os destaques do documento elaborado pelas entidades que foi protocolado ontem. Entre as principais reivindicações, a instalação de uma CPI das polícias de São Paulo, o fortalecimento da ouvidoria, corregedoria única e civil, o fim do foro privilegiado e do auto de resistência seguida de morte.
Personalidades importantes na defesa dos direitos no Brasil como o ex-deputado Renato Simões, o Jurista e professor Hélio Bicudo estiveram presentes ao ato, que foi presidido pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALESP, Deputado José Cândido e contou com a participação dos parlamentares Fausto Figueira, Maria Lúcia Prandi, Olímpio Gomes e Raul Marcelo. A íntegra do documento protocolado está disponível em www.uneafrobrasil.org.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Matando Burguês- Lição 1º)


Por Lúcio Flávio, o passageiro da agonia 10/06/2010 às 17:16


Como Matar um Burguês; Seja Vermelho, Seja Branco, Seja Amarelo, Seja Preto. Basta ser Burguês!
Antropofagia de carne Hamburguesa: Dieta do Pobre para Equilibrio da População, seus cara-pálida!

***************
É uma guerra onde só sobrevive quem atira;
Quem enquadra a mansão quem trafica;
Infelizmente o livro não resolve;
O brasil só me respeita com um revolver;
Aí o juiz ajoelha, o executivo chora;
Pra não sentir o calibre da pistola;
Se eu quero roupa comida alguém tem que sangrar;
Vou enquadrar uma burguesa e atirar pra matar;
Vou fumar seus bens e ficar bem louco;
Seqüestrar alguém no caixa eletrônico;
A minha quinta série só adianta;
Se eu tiver um refém com meu cano na garganta;
Aí não tem gambé pra negociar;
Liberta a vítima, vamos conversar;
Vai se ferrar, é hora de me vingar;
A fome virou ódio e alguém tem que chorar;
Não queria cela nem o seu dinheiro;
Nem boy torturado no cativeiro;
Não queria um futuro com conforto;
Esfaqueando alguém pela corrente no pescoço;
Mas 357 é o que o brasil me dá;
Sem emprego quando um prego de audi passar;
Aperta o entra cuzão e digita;
Esvazia a conta, agiliza, não grita;
Não tem deus nem milagre esquece o crucifixo;
É só uma vadia chorando pelo marido;
É o cofre versus a escola sem professor;
Se for pra ser mendigo doutor;
Eu prefiro uma glock com silenciador;
Comer seu lixo não é comigo morou;
Desce do carro se não tá morto;
Essa é a lei da daqui, a lei do demônio;
Isso aqui é uma guerra.
Não chora vadia que eu não tenho dó;
Dá a bolsa na moral, não resiste ao B.O.;
Aqui é outro brasileiro transformado em monstro;
Semi-analfabeto armado, perigoso;
Querendo sua corrente de ouro;
Atacando seu pulso, atacando seu bolso;
Pronto pra atirar e pronto pra matar;
Vai se foder, descarrega essa PT;
Mata o filho do boy como o brasil quer ver;
Esfrega na cara sua panela vazia;
Exibe seus direitos com o sangue da vadia;
É a lei da natureza, quem tem fome mata;
Na selva é o animal, na rua é empresário;
Inconseqüente, insano, doente;
O brasil me estimula a atirar no gerente;
Aqui não é novela, não tem amor na tela;
A cena é triste, é solidão na cela;
Nem polícia pega boi, deita escrivão;
Abre a cela carcereiro, liberta o ladrão;
É M10 de alvará pra liberdade;
Seu oitão é uma piada gambé covarde;
Cala a boca e aplaude o resgate;
Eh, cala a boca e aplaude;
Foi quem te protege do oitão na cabeça;
Sua polícia no chão do DP sem defesa;
Rezando pro ladrão ter pena, que pena;
Seu herói pede socorro nessa cena;
Quer seu filho indo pra escola e não voltando morto;
Então meta a mão no cofre e ajude nosso povo;
Ou veja sua mulher agonizando até morrer;
Por que alguém precisava comer;
Isso aqui é uma guerra.
Facção Central

- Parte 1ª) Expropriação

"O crime, para o burguês, só não compensa quando a polícia está contra. Cony(Atualmente Um burguês escroque assim como muitos no passado lutaram contra ela e assim será o eterno retorno, pois só quem é da perifa será sempre ANTIFA)"
"Qual revolução resultou de uma relação de estima entre explorador e explorado? Toda revolução nasce da revolta, do sentimento de injustiça, da busca de vingança. A brasileira não será diferente."

"Então,...que vençam as batatas! Lima Barreto"
Os jornalistas das grandes emissoras são analfabetos funcionais pois seu fim como jornalistas agem no cumprimento do dever ideológico de sua classe.
"Só falam de bandido, portanto, são todos bandidos, quem canta e quem escuta". Por que não se ouve que Quentin tarantino também é bandido?"
"O que realmente fez a burguesia tremer? A consciência de classe. A possibilidade de mobilização popular. Os poderosos temem o povo, temem a união.
"O promotor, o "jornalista", o telespectador que se sente chocado, infelizmente sua visão é pequena e deturpada"
"A parte mais violenta para o ideário burguês é, sem dúvida de Não quererem ouvir que a culpa é deles. Não querem ouvir que a violência é o (baixo) preço que se paga pelo conforto de sua acumulação. A violência de um país é diretamente proporcional ao nível de desigualdade social."
O que a ideologia burguesa faz é o que tem feito com os movimentos sociais, CRIMINALIZAR.

Buscam criminalizar tudo aquilo que ponha em xeque a hegemonia da classe dominante.
Os ricos acreditam que podem trabalhar menos e ganhar mais. Acham que já estudaram muito, e a faculdade deu a eles o direito de trabalhar pouco e ter muito e ainda explorarem pessoas sem estudo, pagar miséria pela mão de obra...
O próprio precursor do termo "Hegemonia", o co-fundador do Partido comunista italiano e militante, Antonio Gramsci, fora preso pela reação fascista italiana, situação em que permaneceu por 8 anos até a sua liberdade condicional, quando se encontrava prestes a morrer por complicações de saúde provenientes do cárcere.
Esse fenômeno é recorrente mesmo em nossa história recente, basta lembrar de toda a mobilização reacionária em torno do (embora limitadíssimo) pndh-III.
Se pudéssemos colher o testemunho de um escravo morto após horas de tortura no tronco, assisti-lo-íamos recitar um poema de amor? Ouviríamos uma cantiga de roda como as primeiras palavras do palestino morto por um tanque israelense se pudéssemos ressuscitá-lo?
O Ser humano subjugado não é carinhoso.

Não se preocupe, o burguês sempre mais tarde te dá um beijo e pergunta se sarou para saber se pode continuar a nos ferrar de novo.

Por que no brasil seria diferente com a nossa burguesia tão espetacurlamente estúpida e burra?
Por que devemos ser alegres frente à injustiça?
Por que o oprimido não deve sentir ódio de seu opressor?
Desejam retirar até esse direito do povo?
O mínimo direito de odiar quem te odeia. Odeiam-nos ainda hoje, aqui está o Bóris Casoy (integrante do comando de caça aos comunistas aversivo ao trabalho) que não me deixa mentir.
Que democracia nos nega o direito de odiar? Quero poder odiar.
Quero ter o direito de odiar aqueles que não receberam mais do que medalhas durante a ditadura.
Quero poder odiar os que hoje continuam por manter o mesmo status quo de 500 anos atrás. Quero poder odiar os que transformam meu povo em mercadoria.
Quero odiar, não amar meus inimigos, beijar a mão de quem me explora e explora meus iguais.

Só não tem inimigos aquele que não conhece sua história.
Vive-se em guerra sim.
Há os que sabem disso e escolhem o seu lado e há os que não sabem ou não querem saber, estes últimos também escolheram seu lado.
Qual revolução resultou de uma relação de estima entre explorador e explorado?
Toda revolução nasce da revolta, do sentimento de injustiça, da busca de vingança. A brasileira não será diferente.
*****************
AVISO:
É ano de eleição
dá-lhe tapinhas nas costas
e muito aperto de mão!
Se liga meu irmão
que depois da eleição
é pé na bunda
e você fica na mão!
Ano de eleição
e você tem o direito
de escolher quem vai te fuder!
Dizem que vivemos numa Democracia,
eu digo que morremos, dia a dia,
no imenso Reino da Hipocrisia!
Dizem que temos todos direitos iguais...
Dê uma olhada à sua volta e nos jornais
e veja o quanto reivendicar
iguldade de oportunidade
é o passaporte para a eternidade...
ZENN BELL
**********
Polícia em toda parte = justiça em parte alguma

Não ao Estado, à midia e ao patronato

Para pagamento ruim, trabalho ruim

Chega de ser razoável

Construam escolas e as prisões serão desnecessárias

Viva o convívio mútuo e a solidariedade

Morte ao produtivismo e ao consumismo

Destituam todos os políticos

Destruição é rejuvenescimento

Queimem bancos

Lucidez é uma forma de resistência

A melhor forma de votar é arrancar pedras da calçada e lançá-las nas cabeças dos políticos

Não implore pelo direito de viver, tome-o

O ego é uma prisão

As eleições mudam as moscas, a alternativa real está nas ruas

Somos livres para abolir vosso mundo

Mídia por toda parte = informação em parte alguma



Somos incansáveis

Quem semeia miséria colhe fúria

Se ninguém obedece, ninguém comanda

**********
Quando uma Expropriação não é suficiente, alguns escolhe destroir o Estado, assaltando bancos, destruindo delegacias, cartórios, enfim...destruindo toda a Instituição.
Outros, apenas o Latrocínio...

Diante disso, não esperamos muito resolver então como numa breve fotografia do real de nossas esquinas, não podemos esperar por nada, então temos que ter armado o espírito e lidar com os efeitos colaterais, assim como os burgueses sempre estão apavorados fazendo seus filminhos de "Cidades de Deus", esperando que nesse bang-bang do real torne-se que os pobres matem-se uns aos outros, breve ilusão torpe, claro, gostamos e da carcaça e escalpo e de vocês burgueses cara-pálida!!!
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E assim por diante, enriqueça elaborando a 2ª) Parte de Matando Burguês
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terça-feira, 8 de junho de 2010

Bill Gates admite que vacinas são usadas para despopulação humana

Por: Blog Ecocídio
A farsa do aquecimento global insiste em continuar, mesmo quando o Climategate desmascarou a farsa e a comunidade científica acorda para a verdade.
Deopois de Al Gore, chega a vez do novo paladino negro Bill Gates fazer seu pronunciamento.
Durante uma apresentação em fevereiro de 2010 no TED, Bill Gates faz a surpreendente declaração que as vacinas devem ser usadas para reduzir a população da Terra, controlar o aquecimento global e reduzir as emissões de CO2 (que já sabemos que é inofensivo ao planeta).
No coração do discurso de Gates está o dogma do Aquecimento Global, o qual diz que a emissão de CO2 emitido por seres humanos é a causa primária pelo aquecimento indesejado da Terra. Uma vez que essa (falsa) afirmação diz que o aquecimento artificial do planeta é induzido pelo homem, e que o processo será irreversível caso não mudemos nossas atitudes, os proponentes do dogma do Aquecimento Global defendem o ponto que as emissões de CO2 pelos seres humanos devem ser radicalmente reduzidas.
Então entra em cena Bill Gates, que casualmente aborda o assunto. Durante sua palestra, Gates afirma que uma maneira de alcançar o objetivo da redução de CO2 é reduzir a população humana global .
Ele postula uma equação, dando uma estimativa do CO2 emitido pelo homem anualmente, como vemos abaixo:
CO2 = P x S x E x C
Onde:
P = população humana
S = média dos serviços por pessoa
E = quantidade média de unidades de energia usadas por serviço
C = média de CO2 emitido por unidades de serviço por ano
Assim, CO2 = quantidade projetada de CO2 emitido pela população inteira por ano
Hoje a Terra possui 6.8 bilhões de pessoas. Assegurando que a população se dirige perigosamente a casa dos 9 milhões de pessoas, Bill Gates disse: “…se fizermos um trabalho realmente bom com as novas vacinas, a Saúde e os Serviços de Saúde Reprodutiva (ou seja, a indústria do aborto), poderíamos reduzir a população em talvez uns 10% ou 15%” (o que equivale de 680 milhões a um bilhão e 20 milhões de pessoas).
Só faltou dizer que o resto da população eliminada será através de guerras, das chemtrails e do HAARP, com suas catástrofes criadas… Mas essa não é a praia de Gates, pois, como o vídeo abaixo mostra, “ele ama vacinas”.


O trecho onde gates fala inicia na posição de 2:02m:




Notem que Gates não fala das vacinas no sentido que todos nós conhecemos, ou seja, aumentar a capacidade de nosso sistema imunológico através da inserção de virus e bactérias mortos ou atenuados em nossos corpos – melhorando, assim, nossa qualidade de vida. Pelo contrário, Bill Gates considera que vacinas são desejáveis para reduzir o número da população. E como? Basicamente, com todas as propriedades que impeçam pessoas de terem filhos, através da infertilidade, esterilidade e senilidade (vide casos onde a vacina H1N1 foi usada e o número de autistas explodiu).
Sarcasticamente, encontramos no site da Fundação, a citação de Melinda Gates sobre vacinas: “Vacinas são um milagre – com apenas algumas doses elas podem prevenir doenças mortas por uma vida inteira”.
Agora vejam a matéria publicada no Estadão: Bill Gates doa US$ 10 bilhões para a produção de vacinas. Também aqui.
E essa no Mídia News: ONG de Bill Gates contrata FDA para nova vacina
Morte na África, em outros países pobres, e na China. Conveniente, não?
Espero que agora todos entendam o porquê da Fundação Bill e Melinda Gates ser uma das maiores patrocinadoras do Banco Mundial de Sementes, o Silo Global de Sementes de Svalbard, formado juntamente pela Monsanto, Rockefeller e Syngenta – todos percententes aos Illuminati.
O site da Fundação ainda exibe uma de suas missões: “A Fundação Bill & Melinda Gates é dedicada a trazer inovações na saúde e no aprendizado da comunidade global”.
Quero morrer “burro” e “doente” ao depender de pessoas e instituições

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Amandla Awetu

Escrito nas Estrelas, Passione e o Trabalho Doméstico

Rebeca Oliveira Duarte

Quando assistimos A Negação do Brasil, de Joelzito Araújo, temos a possibilidade de analisar a história das relações raciais na telenovela brasileira. É um filme essencial para quem não cai nas falácias da democracia racial, em que “mulatas” de Sargentelli ou Globelezas reproduzem fielmente o lugar de coisificação e exploração do corpo negro característico do racismo sexista do Brasil.
Dois grupos de estereótipos racistas são explícitos no filme, que se dividem exatamente por questões de gênero: às mulheres negras, são destinados os papéis das “mammys’ – a empregada “da família”, gorda,generosa, profundamente dedicada à felicidade de seus “filhos” brancos e de seus “patrõezinhos”; a mexeriqueira, papel sempre ridículo da jovem negra que fala errado e se mete na vida dos patrões, o núcleo principal – branco, obviamente; ou, na fase amadiana (Tieta, Gabriela, Teresa Baptista), a mulher sensual, “quente”, maliciosa. Aos homens negros, o lugar do capataz, segurança, guarda-costas e, quando alçados à classe média, fiel escudeiro do protagonista branco.
Se o filme A Negação do Brasil fosse atualizado, não mudariam os grupos de estereótipos racistas. Encontraria um “Da Cor do Pecado”, cujo título indica o local da mulher negra na sociedade racista; encontraria “A Lua me Disse”, com duas mulheres negras ridicularizadas do início ao fim da novela apenas pelo fato de serem… negras; encontraria um “Viver a Vida”, tal qual “A Cor do Pecado”, uma novela supostamente – ou melhor – mentirosamente – de protagonista negra, cujas personagens, Preta e Helena, não receberam do roteiro carga dramática necessária para se destacarem realmente como protagonistas, além de serem devidamente deslocadas de sua comunidade negra, fosse ela familiar ou qualquer círculo de relações. Simplesmente eram negras sem amigos negros, longe de sua família negra.
Sabemos que a grande maioria das trabalhadoras domésticas são mulheres negras. Não há qualquer problema de ser esse também um papel assumido por atrizes negras. Mas aí há duas situações a serem observadas: que as atrizes negras, não obstante terem todo o preparo para assumirem qualquer papel, não tenham de ocupar apenas o papel da trabalhadora doméstica; e que o próprio papel da trabalhadora doméstica não seja construído em torno da idéia de “serviçal”, sem vida própria, com falas que a ponham num lugar da ”ignorância” ridícula.
Via de regra, as trabalhadoras domésticas da novela não têm família, dramas pessoais, questionamentos, uma história própria a desenvolver na trama. As mammys ganham relativo espaço quando sua função é acalentar e carregar as dores de seus patrõezinhos; as ridículas, quando vão ao samba ou à gafieira mostrar como é divertida a vida do pobre.
Mas hoje temos, na telinha, duas honrosas exceções. Sim, temos uma trabalhadora doméstica protagonista, no papel da mocinha da novela das seis; e uma trabalhadora doméstica antagonista, no papel da vilã, na novela das nove. Impressionante. Elas ganham drama próprio, falas caprichadas, closes estudados de seus rostos, olhares, sorrisos. Curioso que não erram palavras para os outros rirem e não vão ao samba, ao funk ou à gafieira. O detalhe fundamental: ambas são completamente brancas. Insistimos no “completamente” por serem, Natália Dill e Mariana Ximenes, exatamente o perfil branco – pele branca, cabelos lisíssimos, nariz afiladíssimos, olhos claros – tão caro à Globo e suas mocinhas e mocinhos.
No caso de Escrito nas Estrelas, há ainda algo mais irônico. A mocinha é moradora de favela, não tem estudos e vive buscando trabalho de viração pra sobreviver. Bem, se formos construir esse perfil no Brasil perceberemos que, nessas condições, encontraremos majoritariamente mulheres negras. São as mulheres negras que ocupam a base da pirâmide social, com menos acesso aos seus direitos básicos; as trabalhadoras domésticas são, majoritariamente, negras. Se a Globo se utiliza disso tão bem para confinar as atrizes e os atores negros em papéis estereotipados e pouco desenvolvidos, por que não terem escolhido uma jovem negra para fazer o papel de Vitória/Viviane?
Simples. Porque ela é protagonista de verdade (não uma protagonista de faz de conta como foram Preta e Helena). Porque ela, a personagem, ocupa a trama principal, tem falas elaboradas (apesar de mal interpretadas), forma um triângulo amoroso com os dois personagens principais - o espírito Daniel e o seu pai encarnado. Porque ela terá direito a estudar, a seguir seus sonhos, a fazer parte – realmente – da família, através do casamento e da maternidade.
Por isso ela tinha de ser branca.


http://www.observatorionegro.org/blog/2010/06/05/escrito-nas-estrelas-passione-e-o-trabalho-domestico/

domingo, 6 de junho de 2010

Butantan nunca fabricou uma dose de vacina contra a gripe - Onde estão então os mais de 500 milhões de reais?

Após receber mais de meio bilhão de reais para fabricação de vacinas, descobriu-se que o instituto Butantan nunca fabricou uma vacina sequer. Leia até o fim do post.

Em diligência no final da tarde de ontem (26/5), os deputados do PT, Antonio Mentor (líder da Bancada do PT) e Fausto Figueira (presidente da Comissão de Saúde e Higiene), foram ao Instituto Butantan para apurar a denúncia de que a fábrica de vacinas da gripe comum e H1N1 do local não funciona. Recebidos pelo diretor Otávio Mercadante, houve uma conversa preliminar para entrega de ofício solicitando informações, mas, na ocasião, já foi confirmado pelo diretor que a fábrica não está operando.

Reinaugurada várias vezes pelos sucessivos governos tucanos, conforme constam em notícias publicadas por jornais desde outubro de 1999, a fábrica de vacinas do Instituto Butantan ainda não produziu uma dose sequer de vacina da gripe até hoje.

“Em várias ocasiões, saíram matérias assim na imprensa: ‘mês que vem a fábrica começa a produzir a vacina para dengue’, depois repetiam a mesma história em outro mês. É inaceitável o Butantan não fabricar vacina”, critica Mentor. Segundo o parlamentar, o diretor confirmou que o instituto apenas envasa as vacinas, e não as fabrica.

A produção de vacinas estava prevista para iniciar a produção em 2005, foi adiada para setembro de 2008, passou para março de 2009, depois para setembro, dezembro, março de 2010 e, agora, setembro de 2010. Em 2006, diversos funcionários foram contratados para a produção de vacinas, contudo tiveram de ser realocados para outros setores, tendo em vista que as vacinas não estavam sendo produzidas.

Prejuízos

Os parlamentares relataram denúncias de que diariamente centenas de milhares de ovos de galinha que deveriam servir para fabricação de vacinas da gripe vão para o lixo. Segundo Mentor, ao menos 160 mil ovos chegavam a ser entregue por dia. “Isso pode ter causado grandes prejuízos para o instituto”, alerta o líder da bancada.

Os deputados também questionaram sobre as denúncias de que 14 milhões de doses da vacina H1N1 foram jogadas fora por contaminação durante o processo de envase e que dois lotes da vacina da gripe comum foram inutilizados por não passarem no teste de pirogênio (teste do sistema de água WFI).

Fausto Figueira explicou que também estão sendo aguardadas informações sobre os problemas que ocasionaram o incêndio do último dia 15; números da produção de vacinas de dengue, hepatite B e leishmaniose.

O diretor do instituto, Otávio Mercadante, disse que discutirá o caso com o secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, e prometeu dar uma resposta rápida do porquê a fábrica não está operando.

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Nesta outra notícia informa que o Butantan nem ao menos solicitou a avaliação para a fábrica de vacinas:

”A informação do Butantan de que sua nova unidade de fabricação de vacinas ainda não produz vacinas por falta de autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não é verdadeira”. Esta afirmação é do diretor da agência, Dirceu Barbano, em correspondência enviada ao líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa paulista, Antonio Mentor.

Segundo Barbano, “o Butantan nunca requereu processo de avaliação para a nova fábrica para a Certificação das Boas Práticas de Fabricação - CBPF”.

A questão surgiu, porque em 26 de maio, os deputados Antonio Mentor e Fausto Figueira (presidente da Comissão de Saúde e Higiene) estiveram no Instituto Butantan para apurar denúncia de que a fábrica de vacinas da gripe comum e H1N1 do local nunca funcionou, apesar de ter sido inaugurada em abril de 2007, pelo ex-governador de São Paulo, José Serra. Durante a visita, os deputados obtiveram a confirmação da não operação da fábrica pelo diretor do instituto, Otávio Mercadante, que se comprometeu a enviar mais informações por escrito aos parlamentares.

Em repercussão ao assunto, o jornal Folha de S. Paulo, em 28/5, publicou reportagem na qual afirma que: “A fábrica está parada porque o Butantan ainda não obteve as certificações da Anvisa e da Sanofi Pasteur, multinacional que detém a tecnologia de produção da droga” e “O Butantan justificou a demora para colocar a iniciar a fabricação afirmando que "o processo de validação e certificação de uma unidade produtiva é sempre complexo".

O diretor da Anvisa explica na correspondência ao deputado Antonio Mentor que a “certificação se dá por meio de inspeções que serão realizadas apenas mediante solicitação do laboratório do Butantan, o que até o momento não ocorreu”. E mais: “Ainda que tal certificação fosse obtida e tudo já estivesse pronto, nesse momento nada poderia ser produzido no local, pois o Butantan ainda não pediu o registro, ou mesmo alteração do local de fabricação de nenhum produto para a nova unidade”.

Com relação à unidade já existente, que fabrica outras vacinas, a Anvisa aguarda as adequações necessárias para a concessão definitiva da CBPF, pois há pendências em três linhas de produção.

O prédio e os equipamentos da fábrica de vacina do Instituto Butantan custaram R$ 70 milhões.

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Quando pesquisei anteriormente sobre os misteriosos contratos com os laboratórios farmacêuticos, encontrei algumas informações que vieram a calhar neste momento. De acordo com o diário da união (veja as páginas 139 e 140), o Instituto Butantan recebeu 105 milhões de reais para produção de vacina sazonal e 439 milhões para produção de vacina contra o vírus H1N1. Se nenhuma vacina foi produzida, eu me pergunto: PARA ONDE FOI TODO ESTE DINHEIRO???

Aos poucos vamos percebendo o porque de terem valorizado e exagerado tanto este vírus, criando a necessidade desta vacina. Como dizem: "Siga o dinheiro"!!!

Link Original: http://www.anovaordemmundial.com/2010/06/butanta-nunca-fabricou-uma-dose-de.html