quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2.0.0.9




O comprometimento em determinado seguimento nos faz termos certas obrigações, obrigações não né, certas atitudes diante do meio, que às vezes nos torna alvos do equívoco. Risco calculado e necessário, afinal, quem manda ser engajado?


Como o assunto que domino mais ou menos é o rap, dizer como foi o rap em 2009 é uma tarefa complicada, mas gostaria de passar o que senti do rap esse ano.

Lendo várias entrevistas e matérias, observando eventos e tentando movimentar a cena aqui no interior do Rio de Janeiro, percebe-se uma necessidade de se sedimentar um circuito para o rap brasileiro. A falta de espaço e circulação do rap brasileiro ainda é um nó que somente meia dúzia consegue desatar.

Essa necessidade de circuito acompanha uma maturidade em perceber que o rap não necessariamente será uma música hegemônica nas periferias, mas ela pode coexistir, sem essa de maneira harmônica rs, dentro de uma lógica de adeptos ao discurso mais agradável no momento.

Acertar a mão no discurso é sempre um tema que pede uma atenção especial no rap brasileiro. E sinceramente, as pessoas têm que fazer o que elas acreditam, falar sobre o que eles acreditam e cantar/rimar sobre o que eles acreditam. Aí entra a questão de estar alienado ou não, de aderir ao Sistema ou não, de contribuir para a transformação social ou não.

Eu acredito na transformação social e que posso contribuir para essa transformação usando o rap. Estou certo? Talvez. A questão é o discurso estar circulando e a contradição ser fundamental para estar estimulando um senso crítico em um público em potencial e esse público ter possibilidade de aderir a esse ou aquele artista.

Entenda o que o rap brasileiro pode proporcionar, a destituição da ditadura do pensamento único que anda corroendo a periferia, o povo, não dando espaço, fazendo o nosso povo aceitar medidas que acabam sendo reacionárias e servem mais para a limitação do que outra coisa.

O rap brasileiro tem essa força, pois protagoniza a fala dos esquecidos, a interpretação do mundo pelos excluídos que usam a língua do opressor para comunicar. Usam não, subvertem e essa subversão pode quebrar com uma hegemonia discursiva que domina o nosso imaginário desde os tempos da Tv Tupi.

É muita esperança né? Tem muita gente trabalhando e esse circuito no qual mencionei, tem tudo para se tornar realidade e a rap brasileiro vai passar a ser ouvido com mais intensidade.

Não analisei 2009, confesso, só expressei um pouco daquilo que senti vivendo o rap. É um campo para uma boa discussão. Que venha 2010, então!


Por Fabio Emecê - Bandeira Negra e Coletivo H2A

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