quinta-feira, 2 de julho de 2009

Anistia Internacional: Israel cometeu crimes de guerra 'sem precedentes' em Gaza




Anistia Internacional divulgou nesta quinta-feira, em Londres, Inglaterra,o seu relatório sobre a ofensiva militar de 22 dias (27 de dezembro de 2008 a 17 de janeiro de 2009) de Israel contra a Faixa de Gaza.
Segundo o relatório da Anistia Internacional, Israel:
* Praticou a "destruição cruel", "indiscriminada", "sem precedentes", da Faixa de Gaza em ataques que frequentemente tinham como alvos civis palestinos.
* Usou armas de baixa precisão, como artilharia e fósforo branco, em áreas densamente povoadas.
* Promoveu ataques indiscriminados diretos ou indiretos contra civis e alvos civis. Várias centenas de civis foram mortos como resultado destes ataques
* Demoliu e destruiu casas e prédios civis em grande escala, e a destruição não poderia ser justificada como uma necessidade militar.
"Impediu equipes médicas de retirar os feridos, além de atacar algumas equipes médicas em ambulâncias.
O relatório da Anistia Internacional afirma ainda que:
* Centenas de civis palestinos foram mortos com armas de alta precisão e outros com tiros à queima-roupa, "sendo que não representavam ameaça à vida de soldados israelenses".
* A Anistia não encontrou evidências que apoiem as acusações israelenses de que os militantes do Hamas, em Gaza, usaram civis como "escudos humanos". A entidade diz, no entanto, que há evidências de maus tratos contra civis palestinos -- inclusive crianças -- por parte de soldados israelenses.
* Cerca de 1.400 palestinos foram mortos na operação militar israelense. Esses números batem com as estatísticas divulgadas por palestinos.Entre os mortos, mais de 900 eram civis, incluindo 300 crianças e 115 mulheres, de acordo com o relatório. O Exército israelense afirma que 1.166 palestinos morreram, dos quais 295 eram civis.
"Tudo isto é violação das leis internacionais e constitui crimes de guerra", acusa a responsável pelo relatório. "A maior parte da destruição foi cruel e deliberada, e foi promovida de maneira e em circunstâncias que não indicam que possa ser justificada do ponto de vista da necessidade militar."
O documento também também acusa o grupo palestino Hamas de cometer crimes de guerra, citando os ataques com foguetes lançados contra zonas residenciais em Israel.Treze israelenses foram mortos, incluindo três civis.
Israelenses e palestinos rejeitam o relatório
Yigal Palmor, porta-voz do Ministério do Exterior israelense, questionou a credibilidade do relatório da Anistia.
"Este relatório da Anistia não é um relatório sobre direitos humanos, é um julgamento ao estilo soviético. Não há transparência, não há responsabilidade, não sabemos quem são os juízes. Quem são os membros da equipe de investigação? Eles escondem suas identidades", afirmou.
Palmor também questionou os conhecimentos da equipe de investigação da Anistia, a identidade das testemunhas e se elas trabalham para o Hamas.
Israel atribuiu algumas das mortes de civis a "erros profissionais" e acrescentou que sua conduta seguiu as leis internacionais."Tentamos ser tão precisos quanto podíamos em uma situação de combate difícil", disse à BBC o porta-voz do governo israelense Mark Regev.
Na Faixa de Gaza, Fawzi Barhoum, um porta-voz do Hamas, afirmou que o relatório da Anistia não é profisssional e não coloca ênfase o bastante em "crimes cometidos por Israel".
"Este relatório não é justo nem equilibrado e nós rejeitamos todas as acusações ao Hamas listadas nele. Ele foi publicado sem a consulta a qualquer um dos líderes ou autoridades do Hamas. O relatório iguala vítimas e carrascos e nega o direito de nosso povo de resistir à ocupação, que é incompatível com a lei internacional que garante o direito de um povo (em território) ocupado à autodefesa."
Um dos líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que "esta guerra selvagem teve apenas um lado e todas as ferramentas de destruição e assassinato foram usadas. Os restos da destruição ainda são provas do crime contra a Faixa de Gaza e acreditamos que os líderes da ocupação israelense devem ser entregues aos tribunais internacionais".

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