"Muitas vezes o termo ´hip-hop´ lembra imagens de rappers cheios de jóias, as bocas brilhando de ouro, balançando e rangendo os dentes ao som de uma batida pesada. Esta é uma parte do hip-hop, mas só uma pequena parte.
Devido ao poder dos meios de comunicação norte-americanos e as forças internacionais com que alimentam as rádios, o hip-hop agora é música do mundo, com fronteiras que não podem ser delimitadas. A maioria pensa que o hip-hop é uma coisa que vem dos negros dos Estados Unidos e, talvez, dos portorriquenhos também, com raízes no bravo Bronx Sul. Ainda que essa forma de arte tenha nascido aí, e essas origens estejam refletidas nas primeiras canções de rap, as danças e os estilos de arte de rua, hoje em dia os ecos do hip-hop são ouvidos por todo o mundo, e há fãs e adeptos em lugares tão afastados como o Havaí, o Oriente Médio, Nigéria, Índia, Alemanha, França, Cuba, Samoa, África do Sul, Tanzânia e muitos outros países. É quase vertiginoso considerar as diversas formas que assumem o hip-hop e o rap quando cruzam os oceanos.
Pode ser que em muitos lugares a coisa tenha começado com simples imitações dos rappers africano-americanos, mas inevitavelmente acabaram fazendo suas próprias adaptações, com forte influencia do rap africano-americano, de fato, mas engenhosamente criando algo que reflete a força recorrente do elemento indígena. Em Hilo, Havaí, por exemplo, o grupo Sudden Rush indianizou o hip-hop ao usar o idioma havaiano em sua obra enquanto se opõem à anexação estadunidense da ilha e à derrubada e o encarceramento de seus reis. Um de seus maiores sucessos se chama ´Ku´e´, que significa ´resistir´ ou ´defender´. Falam do verdadeiro roubo que foi como o Tio Sam tomou a ilha dos povos nativos.
Na Inglaterra, é comum que o hip-hop tenha um sabor mais asiático, como se vê no grupo Kaliphz, que tem integrantes de origens paquistanesa, sikh e do sudeste asiático. E, quem diria, uma de suas principais influências é o Wu-Tang Clan, o grupo de rappers negros que usa imagens e linguagem relativa ao ´homem negro asiático´, idéia nascida dos ensinamentos da Nação do Islã. Na Inglaterra, é comum que o termo ´negro´ se refira a alguém da África, Ásia ou Caribe – de fato, a qualquer pessoa que não seja branca. Com um grupo como o Kaliphz, os versos de um dos grandes sucessos do Wu-Tang Clan, ´Proteck Ya Neck´, do disco Enter the 36th Chamber, tomam um interessante sentido, quando eles rimam que querem ´tocar o terror na multidão, como tropas do Paquistão´. Como o Kaliphz demonstra, a negritude tem muitos rostos e muitas formas.
Como ocorre com tantas formas de arte que se originaram da América negra (com América, ele se refere aos Estados Unidos), uma vez que se espalha, o hip-hop se transforma e se torna uma ferramenta para outros povos que lutam para resolver os próprios problemas de suas comunidades. Ao redor do mundo, essa forma de arte abraça a transformação social e tem se tornado uma voz de muitas línguas contra o racismo, a exclusão, a pobreza, a exploração política e o imperialismo. Quem começou com essa forma de arte provavelmente nunca se deram conta de todas essas possibilidades. Mas aí está. Virou música do mundo, como o jazz ou o rock´n´roll."
Do corredor da morte, aqui é Mumia Abu-Jamal
Devido ao poder dos meios de comunicação norte-americanos e as forças internacionais com que alimentam as rádios, o hip-hop agora é música do mundo, com fronteiras que não podem ser delimitadas. A maioria pensa que o hip-hop é uma coisa que vem dos negros dos Estados Unidos e, talvez, dos portorriquenhos também, com raízes no bravo Bronx Sul. Ainda que essa forma de arte tenha nascido aí, e essas origens estejam refletidas nas primeiras canções de rap, as danças e os estilos de arte de rua, hoje em dia os ecos do hip-hop são ouvidos por todo o mundo, e há fãs e adeptos em lugares tão afastados como o Havaí, o Oriente Médio, Nigéria, Índia, Alemanha, França, Cuba, Samoa, África do Sul, Tanzânia e muitos outros países. É quase vertiginoso considerar as diversas formas que assumem o hip-hop e o rap quando cruzam os oceanos.
Pode ser que em muitos lugares a coisa tenha começado com simples imitações dos rappers africano-americanos, mas inevitavelmente acabaram fazendo suas próprias adaptações, com forte influencia do rap africano-americano, de fato, mas engenhosamente criando algo que reflete a força recorrente do elemento indígena. Em Hilo, Havaí, por exemplo, o grupo Sudden Rush indianizou o hip-hop ao usar o idioma havaiano em sua obra enquanto se opõem à anexação estadunidense da ilha e à derrubada e o encarceramento de seus reis. Um de seus maiores sucessos se chama ´Ku´e´, que significa ´resistir´ ou ´defender´. Falam do verdadeiro roubo que foi como o Tio Sam tomou a ilha dos povos nativos.
Na Inglaterra, é comum que o hip-hop tenha um sabor mais asiático, como se vê no grupo Kaliphz, que tem integrantes de origens paquistanesa, sikh e do sudeste asiático. E, quem diria, uma de suas principais influências é o Wu-Tang Clan, o grupo de rappers negros que usa imagens e linguagem relativa ao ´homem negro asiático´, idéia nascida dos ensinamentos da Nação do Islã. Na Inglaterra, é comum que o termo ´negro´ se refira a alguém da África, Ásia ou Caribe – de fato, a qualquer pessoa que não seja branca. Com um grupo como o Kaliphz, os versos de um dos grandes sucessos do Wu-Tang Clan, ´Proteck Ya Neck´, do disco Enter the 36th Chamber, tomam um interessante sentido, quando eles rimam que querem ´tocar o terror na multidão, como tropas do Paquistão´. Como o Kaliphz demonstra, a negritude tem muitos rostos e muitas formas.
Como ocorre com tantas formas de arte que se originaram da América negra (com América, ele se refere aos Estados Unidos), uma vez que se espalha, o hip-hop se transforma e se torna uma ferramenta para outros povos que lutam para resolver os próprios problemas de suas comunidades. Ao redor do mundo, essa forma de arte abraça a transformação social e tem se tornado uma voz de muitas línguas contra o racismo, a exclusão, a pobreza, a exploração política e o imperialismo. Quem começou com essa forma de arte provavelmente nunca se deram conta de todas essas possibilidades. Mas aí está. Virou música do mundo, como o jazz ou o rock´n´roll."
Do corredor da morte, aqui é Mumia Abu-Jamal
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