segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Solidariedade a Luta Anti - Racista em Cuba


Prezados/as Companheiros/as,

Apesar da luta história que travamos no Brasil contra a ditadura e na qual continuamos para o resgate das histórias de irmãos e irmãs que “desapareceram” e cujas memórias só conseguimos registrar parcialmente, com relatos de familiares e de amigos/as;

Apesar de nossa atenção e envolvimento no repúdio histórico às ditaduras de diferentes matizes que se instalaram ao redor do Brasil e no mundo;

Apesar de nossa luta contra todo arbítrio que sempre usurpa os direitos de cidadãos e cidadãs deixando marcas profundas e indeléveis que tentam mudar ou mesmo mudam o rumo de nossa luta na direção de vida digna para absolutamente todos e todas;

Algumas vezes somos surpreendidos/as por notícias que nos custam muito acreditar. Mas, sem ventura, nossa dúvida logo se dissipa quando buscamos dados que, atualmente, são fácil e rapidamente encontrados nos sites de “busca”.

Nos referimos às notícias, veiculadas em diferentes idiomas, ao redor do planeta, a respeito da prisão e da greve de fome do ativista anti-racista afro-cubano, Dr. Darsi Ferrer. Trata-se de uma das figuras mais importantes na luta pelos direitos civis do povo cubano e valente lutador contra a exclusão social. O Dr. Ferrer está detido desde 21 de julho de 2009 e encarcerado sob alegações absurdas – e sabemos que mentirosas – de "roubo de material" do estado. Desde 21 de julho na prisão, Dr. Ferrer está em greve de fome desde 13 de outubro! Pelo que sabemos da dignidade e capacidade de luta desse médico, temos receio de que ele siga com esta greve até o fim!

O bloqueio internacional patrocinado pelos EUA, a crise internacional e outros fatores infelizmente produziram bolsões de pobreza também na sociedade cubana, mas afetando de modo mais dramático a população negra e marginalizada. O trabalho do Doutor Ferrer tem sido o da promoção da solidariedade com os setores pobres e, nessa direção, milita no movimento anti-racismo, incomodando o governo que se recusa a admitir a existência da desigualdade racial e da exclusão social. Por sua atuação, as autoridades cubanas o consideram como um elemento altamente subversivo, porém empregando artifícios acusatórios de “crime comum” para encobrir a repressão a um ativista do movimento negro.

Independente de considerações de ordem ideológica sobre o regime político da Ilha, os brasileiros compromissados com a justiça e a igualdade sempre hipotecaram seu apoio à Revolução Cubana e também defenderam aquele povo contra as agressões imperialistas. Mas a prisão do Dr. Ferrer caracteriza-se como um ataque à perspectiva legítima de luta social: o anti-racismo, como uma especificidade de luta que deve ser reconhecida, respeitada e se desenvolver livremente na perspectiva de uma sociedade justa, democrática e plural.

Causa-nos maior surpresa, ainda, o que relata da Srª. Yusnaimy Soca, esposa de Darsi Ferrer, de que o Dr. Darsi está na prisão de Valle Grande, em La Lisa, na periferia de Havana (Cuba), destinada não a presos políticos, mas a presos comuns. Esta prisão, dividida em quarteirões, chamados “destacamentos”, mantém homens amontoados em espaços comuns, sendo que o destacamento de nº 12, em que está Dr. Darsi Ferrer, é aquele destinado a prisioneiros doentes, com tuberculose e infectados por HIV/Sida. Os riscos de infecção do Dr. Darsi Ferrer são evidentes, num amontoado humano com mais de 120 pessoas.

Por essa razão, nós, os intelectuais negros brasileiros, que lutamos contra toda forma de opressão e o racismo; que estamos compromissados com transformação social e o fim das desigualdades raciais; que defendemos uma sociedade radicalmente democrática, plural e livre, consideramos o Dr. Darsi Ferrer um preso político do regime de Cuba, injustamente levado ao cárcere e sem direito aos procedimentos jurídicos legalmente previsto na Constituição Cubana.

Por essa razão, elevamos nossa voz unânime, em paralelo às manifestações em nível mundial, pedindo a imediata libertação do Dr. Darsi Ferrer e a garantia de um processo justo para que ele se defenda das acusações.
Nesse sentido, solicitamos sua adesão ao documento pela Liberdade a Darsi Ferrer e em

http://www.petitiononline.com/ferrermn/petition.html


(Fonte: Mem. Lélia Gonzalez - Ana Felippe)

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