quarta-feira, 29 de junho de 2011

Novos Samples: Clovis Bate-bola, do selo Faixa de Gazah

Data: 29/06/2011

Em trabalho instrumental, criatividade caminha lado a lado com a politização
 

Clovis Bate-bola, morador de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro, é integrante do coletivo Faixa de Gazah, uma reunião de artistas, ativistas e militantes do hip-hop. Em Entrevista de Emprego, seu trabalho solo, Bate-bola faz experimentações com o dub e a música eletrônica. Assim como os outros membros do selo, o músico acredita no poder de mobilização proporcionado pelo hip-hop. “O hip-hop é uma ótima ferramenta para dar voz e aperfeiçoar a militância do nosso povo diante dos debates sociais. Uma ferramenta que coloca anônimos de igual para igual com os que, de alguma forma, detêm o poder. Uma ferramenta que, ao invés de levar terror e violência, leva informação e cultura”, afirma.

Programas de edição e produção como o Reason, Recicle e Cool Edit Pro, formatam beats, grooves, efeitos e sobreposições instigantes, uma pequena parte dos ingredientes do EP que, segundo Clovis Bate-bola, é uma prévia de seu trabalho solo. “Estou me preparando para entrar em estúdio ainda neste ano e produzir o meu primeiro EP pelo selo Faixa de Gazah, com a participação de vários rappers integrantes do selo, ativistas sociais e outros músicos".
 
Rebeldia editada A dinâmica do álbum pode perfeitamente ser ligada aos acontecimentos no norte da África, onde o povo luta contra as ditaduras, ou servir de inspiração para a luta por moradia nas periferias urbanas. Apesar de ser um álbum de um ativista brasileiro, Entrevista de Emprego serve como trilha sonora para as revoluções nos quatro cantos do mundo. Mas ao ser confrontado com esta afirmação, Bate-bola pondera: “não creio que a minha sonoridade esteja a altura de tamanha façanha. Creio que não passo de um pinto novinho anônimo no galinheiro de feras do dub, como Buguinha, Marcelo Yuka, entre outros. Isso sem levar em conta que a estética musical varia muito de acordo com a mutação da nossa cultura popular e dos rumos que a indústria cultural tenta imprimir sobre a sociedade de consumo. Mas, a sonoridade que tento apresentar é uma busca por um formato alternativo a música comercial e que tenha, além do cunho de debate político-social dentro da guerra de classes, a afirmação cultural da nossa identidade como povo”.
 
Profundidade Para Clovis Bate-bola, a cena hip-hop militante, pelo menos a que usa a ferramenta chamada hip-hop para debater a problemática social, é uma ótima oportunidade não só para dar voz aos indivíduos mais afetados pelas desigualdades sociais, mas também para trazer para a superfície dos debates públicos um novo protagonismo. O músico acredita que as referências podem ser diferentes. “Não [temos] apenas um simples formato de rapper, vestido de roupas e tênis caros, revoltado com a situação caótica em que um suposto ‘sistema invencível’ o proporcionou. Temos um aprofundamento do debate dessa problemática, mostrando que nosso ‘inimigo’ vai muito além do que um sistema comandado por um ‘barão’ e seus capangas. É uma guerra de classes que tem seu ápice de discussão no momento eleitoral”, completa.

EP Entrevista de EmpregoAutor: Clovis Bate-bola
AVALIAÇÃO CHH: Bom
 

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Retirado do Central Hip Hop

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