terça-feira, 19 de janeiro de 2010

E AGORA? OBAMA ENQUADROU O BRASIL – DEZ MIL SOLDADOS PARA O HAITI



Laerte Braga




E como se não bastasse o controle temporário do aeroporto da capital, Porto

Príncipe. Os vários galpões, acampamentos, escolas, igrejas passíveis e

possíveis de serem usados como depósito de alimentos, água, remédios, nos

pontos atingidos pelo terremoto, ou em setores estratégicos para cobrir toda

a área alcançada pela tragédia, estão cheios. O mundo inteiro mandou

doações.



O governo de Cuba liberou o seu espaço aéreo para encurtar a distância,

permitir que os vôos de socorro cheguem mais rápidos, mas e daí?



Não começou a distribuição regular de alimentos, de remédios, de água, o

país continua um caos absoluto e o presidente da Cervejaria Casa Branca vai

enviar dez mil soldados ao Haiti.



Para que?



É guerra?



O que fazem os militares brasileiros lá? Acreditaram, eles e Lula, até agora

que eram os comandantes de fato da ocupação do Haiti e dos chamados projetos

de reconstrução de um dos países mais pobres do mundo?



Foram enquadrados, os comandantes são os norte-americanos com o uniforme da

ONU. É barato, transferem custos, dividem custos e mantêm o controle do

país segundo seus interesses e conveniências.



O Haiti já teria sido “reconstruído” se essa fosse a intenção dos EUA. Todo

o aparato de socorro às vítimas do terremoto já estaria em pleno

funcionamento se essa fosse a vontade dos norte-americanos. Não é. Não

prestaram socorro adequado e possível às vítimas do furacão Katrina que

destruiu New Orleans. É só olhar os jornais da época e ler as críticas ao

então presidente Bush. A demora em tomar providências só aconteceram debaixo

de forte pressão popular e depois que o presidente da Venezuela Hugo Chávez

mandou vender gasolina mais barata na área atingida pelo furacão e o neto de

John Kennedy disse publicamente que o seu governo, Bush, deveria agradecer a

atitude de Chávez.



Notícia que William Bonner aqui, subalterno, disse que não daria para “não

contrariar nossos amigos americanos”.



O xis da questão para o governo branco de Obama não é a existência de 200

mil, ou um milhão de vitimas. São negros, tanto no Haiti como eram a maioria

em New Orleans e os Estados Unidos são movidos a interesses políticos e

econômicos, não têm a menor preocupação com algo que vá além da população

branca e racista, ideologia implícita ao capitalismo.



Quem acreditou no conto do vigário que Obama é negro, acredita que fada

Sininho vá aparecer por lá com Peter Pan e Wendy e salvar os haitianos da

miséria, da destruição, levando-os para a Terra da Fantasia.



Obama é tão terrorista quanto Bush. O que varia é o estilo.



Mas e aí? Os militares brasileiros, tão pressurosos de sua integridade na

questão da tortura, da barbárie nos porões da ditadura militar vão engolir

esse chega pra lá dos norte-americanos? O “patriotismo” e o “nacionalismo”

dessa gente entram onde?



Não existe. São força auxiliar do império. São comandados de fora. Na

prática a tal fusão de forças armadas que Clinton propôs a FHC e FHC disse

que era para “esperar um pouco”, é a realidade, como é a realidade desde o

golpe de 1964. O general Vernon Walthers era o comandante militar e o

embaixador Lincoln Gordon o comandante civil.



Dez mil soldados no Haiti, o que Obama pensa que aconteceu por lá? Uma

jornalista da tevê BANDEIRANTES, dessas que acham que além dos tucanos não

existe nada, está no tempo em que achavam que a Terra fosse plana,

manifestou espanto pela atitude do governo de Cuba de liberar o espaço

aéreo. E ainda falam em exigir diploma.



O que há por trás dessa sórdida e traiçoeira manobra dos EUA, danem-se os

haitianos, afinal são haitianos, não integram nenhuma raça superior, a deles

e os de Israel, é exatamente isso. Não importa o número de vítimas, importa

manter o país sobre o controle de Washington seja através de elites

submissas (como as nossas), seja através das tais forças da ONU que o Brasil

vivia dizendo que tinha o comando, por onda o tal general Heleno comandante

em chefe das forças da VALE?



Andou por lá e bebeu toda a ideologia do império, que veio despejar por aqui

falando em “patriotismo” e “nacionalismo”. Só que a bandeira é outra.



E Lula? Que no afã de não criar problemas no início do seu governo,

acreditou que Bush era vacinado e se deixou morder?



Voltar com o rabo entre as pernas, já está, aliás?



Morreram catorze militares brasileiros lá e aí? Catorze cidadãos brasileiros

iludidos na tal história de cumprir o dever da pátria amada.



O ex-presidente do Haiti, deposto por Bush, Jean Bertrand Aristides, exilado

na África do Sul, disse que pretendia voltar ao país. Sabe quem definiu o

assunto? Obama via Hilary Clinton. A veneranda senhora disse que “esse é um

problema do Haiti, mas Aristides não deve voltar”.



Pronto.



Manda quem pode e obedece quem tem juízo. É a lógica das elites haitianas

(brasileiras também), é a capitulação do tal “patriotismo acendrado” dos

militares brasileiros.



Já na hora de resguardar a turma da barbárie, da boçalidade, da tortura, aí

a valentia é impar. Aí a coragem é única. Os torturados e assassinados pela

ditadura estavam presos e indefesos.



Qualquer dia Obama manda dez mil soldados aqui para o Brasil. Manda para São

Paulo para ajudar o governador e funcionário norte-americano José Collor

Serra e mostrar a Lula o que ele de fato quis dizer com esse negócio de “ele

é o cara”.



O Brasil tem o dever de ajudar o Haiti. Os haitianos. Mas muito mais que

isso, tem o dever de participar do processo de luta dos latinos americanos

contra o terrorismo da Cervejaria Casa Branca.



Terminada essa etapa crucial, se restar dignidade a essa gente, deve fazer

as malas e compreender que não foram nada além de instrumento do império.



Os dez mil norte-americanos vão para lá com o tarefa de assentar o porrete

se a coisa sair do controle.



É a “democracia” sem máscara do terrorismo capitalista.



E esse monte de terra aqui é BRASIL ou é BRAZIL?


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