quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Vale é nossa?


"Sempre em luta.
Pelo direito das comunidades tradicionais; pelo direito dos trabalhadores; pelo direito à cidade e ao meio ambiente; contra qualquer tipo de exploração predatória e desumana"


Encerrou-se hoje o I Encontro Internacional de Atingidos pela Vale. Mais informações no blog:  http://atingidospelavale.wordpress.com/

A Vale, que nos foi roubada, agora massacra comunidades inteiras no Brasil e no mundo afora.

14/04/2010

Baía de Sepetiba recebe caravanas

Para receber as Caravanas de Minas, Maranhão e Pará, a comunidade do bairro de Sepetiba, na Zona Oeste da cidade do Rio, realizou uma confraternização durante I Encontro dos Atingidos pela Vale. Com o microfone aberto, entre músicas e “comes e bebes”, os presentes fizeram relatos. Cerca de 150 pessoas participaram da atividade do dia 12/4.
Os participantes, que moram em regiões e países de culturas tão diversas, mostraram que sofrem com o mesmo modelo de desenvolvimento. Por meio de seus depoimentos, deixaram claro que a nova forma de produção do sistema capitalista tem globalizado, mais do que tudo, injustiça ambiental e desrespeito aos direitos humanos.
Um integrante da Caravana Norte contou que a atividade econômica de sua região está prejudicada depois que o projeto da Vale chamado “Onça Puma”, em Ourilândia do Norte, no Pará. Como produtor de leite, já não consegue mais obter renda para sua família. “Antes o principal laticínio recebia dos produtores locais 15 mil litros por dia, hoje são apenas 5 mil. Muitos sem ver saída acabam vendendo suas casas, mas para onde eles vão? Com que vão trabalhar?”, questionou.
Já uma jovem de 26 anos que integrou a Caravana de Minas disse se sentir aflita. Ela conta que num primeiro momento ficou desesperada, mas percebeu que sua situação não era um caso isolado, entendendo que poderia fazer algo para mudar unindo-se a pessoas que passam por situações semelhantes. Ela pertence a uma das 47 famílias atingidas pela Vale numa comunidade centenária de Antônio Maria Coelho, no Mato Grosso do Sul.
Durante a recepção das Caravanas, o Comitê Baía de Sepetiba pede Socorro apresentou um pouco da realidade da região do entorno da Baía de Sepetiba por meio dos spots de rádio. A produção denuncia a Companhia Siderúrgica do Atlântico, uma parceria da Vale com a alemã ThyssenKrupp.
Escute a produção “Qual Baía de Sepetiba você quer?”, feita pelo Comitê com a colaboração da Agência Pulsar Brasil e do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS).
Spot 1_ Geral Spot 2_ Saúde Spot 3 _ Trabalho Spot 4_ Meio Ambiente

14/04/2010

Despejos e desrespeito cultural em Moçambique

A impressão geral no I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale é uma só: a de que as denúncias e a indignação dos funcionários e dos moradores das regiões afetadas pela atuação da transnacional se repetem em diferentes países e regiões.
A situação vivida em Moatize, Mocambique, é crítica. Cerca de 1100 famílias serão deslocadas com a instalação de um projeto que visa à exploração de dois tipos de carvão: metalúrgico e técnico. As comunidades estão sendo removidas pela Vale e travam uma luta por negociações e indenizações justas. É constante por parte da Vale o desrespeito aos direitos culturais e à identidade com o território , como exumação de corpos e deslocamento de atividades econômicas locais.
Além disso, a estrutura oferecida pela empresa não costuma ser como prometida. “As casas em que nos colocaram são feitas em apenas três dias por pedreiros capacitados em um mês e meio. São péssimas condições de moradia”, disse Fernando Raice. Ele pertence ao sindicato que reúne trabalhadores moçambicanos da mineração, madeireiras e da construção civil.
O cartunista Carlos Latuff conversou com moçambicanos presentes ao Encontro. Após uma troca de ideias, nasce esse desenho que representa bem a ação da Vale junto a essa população africana. Bela crítica!

14/04/2010

Estratégias jurídicas contra a Vale


No segundo dia (13/4) do Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, além da discussão sobre as irregularidades no processo de privatização da mineradora, foram discutidas ações jurídicas necessárias para frear a exploração e a violação dos direitos, além de tentar reverter a sua desestatização. Um dos debatedores foi o advogado Eloá dos Santos Cruz. Ele é figura importante na luta contra o leilão da Vale.
“Quando li o edital, em 6 de março de 1997, achei um total absurdo. Então reuni uma equipe e começamos a organizar as ações populares, que pouca gente conhece, mas são instrumentos jurídicos que permitem que cada cidadão aja como um fiscal”, relatou.
Foram 16 ações no total, cada uma abordando um aspecto diferente da ilegalidade da venda da Vale. Segundo Eloá, essas ações, propostas em 1997, estão ainda sub judice, ou seja, estão em Brasília e aguardam apreciação dos recursos. No país inteiro são mais de 100 ações populares ajuizadas contra a empresa. “A Vale age como se não existissem leis ou tribunais. Nós precisamos nos conscientizar. Vamos para as ruas dizer que somos contra a privatização dessa empresa e que exigimos respeito aos nossos direitos”, disse.
* Com colaboração do NPC.

14/04/2010

Exploração da mineradora em números

O advogado Guilherme Zagallo, da Campanha Justiça nos Trilhos, participou do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale nesta terça-feira (13/4). Ele apresentou dados que comprovam irregularidades do leilão da mineradora. O primeiro deles é a avaliação feita à empresa, que permitiu que ela fosse vendida por um preço abaixo do que realmente valia. Apesar de seu patrimônio líquido ser, na época, de R$ 10 bilhões, a antiga estatal foi vendida por apenas R$ 3,3 bilhões.
Além disso, suas reservas minerais consistiam, em 8 de maio de 1995, em 41,2 bilhões de toneladas de reserva minério de ferro, quantia que, no ano seguinte, foi reavaliada em 28 bilhões de toneladas. “Isso certamente foi feito já preparando o terreno para a privatização, porque essa quantia não foi subtraída de maneira alguma nesse período, portanto não teve como ter sido reduzida”, avaliou.
Zagallo lembrou também dos prejuízos sociais e ambientais provocados pela empresa. A Vale emite quantidades altíssimas de poluentes por ano: em 2008 foram 16,8 milhões e toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o que gera sérios problemas de saúde na população. A mineradora é responsabilizada ainda por uma série de atropelamentos ferroviários. Em 2007, foram contabilizados 23 mortos; em 2008, foram registradas nove mortes e 2860 acidentes.
Existe ainda o impacto nas comunidades, que estão localizadas ao longo do percurso das ferrovias e vêm sofrendo em silêncio com essa situação. O advogado ressaltou que grande parte desses crimes não consiste em objeto de investigação por parte do Poder Judiciário.
Para Guilherme Zagallo é necessário estimular a cobrança da responsabilidade criminal dessas empresas. Acho possível sim construirmos um enfrentamento efetivo. Além da organização e mobilização das comunidades, é preciso sua articulação com os movimentos sociais, pesquisadores, professores das Universidades, Ministério Público, sindicatos, e outros setores da sociedade”, concluiu.

13/04/2010

Atingidos pela Vale batem na porta de Agnelli


Era o início da noite de segunda-feira (12/4), primeiro dia do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale. Ao reparar a movimentação na calçada de pedra portuguesa, os seguranças de terno e gravata logo se aproximaram, receosos. Um grupo composto por camponeses e lideranças comunitárias de Peru e Moçambique, representantes de movimentos sociais brasileiros, e por sindicalistas do Canadá se preparava para fazer uma intervenção simbólica em frente ao edifício onde mora o presidente da Vale, Roger Agnelli.
Vestidos com camisetas de protesto e segurando faixas e bandeiras, os  20 manifestantes posaram para fotografias em frente ao número 620 da Vieira Souto, em Ipanema, avenida nobre do Rio de Janeiro. Nos cartazes, referências às violações de direitos humanos causadas pela empresa: “Vale, não destrua vidas na África e na América Latina” e ”Vale verde e amarela? Que nada! Vermelha do sangue do trabalhador” .
Juntos: Moçambique e Canadá
A greve dos funcionários da Vale, no Canadá, que completou 9 meses neste dia 13, também foi lembrada. “Vale – USW: Negociação sim, ditadura não”, dizia uma das faixas, insinuando uma postura ditatorial da empresa no trato com o USW, o sindicato de metalúrgicos dos EUA e Canadá. Outro cartaz trazia palavras de ordem da longa paralisação: Fair Deal Now! – ‘Negociação Justa Já!’; One Day Longer, One day stronger! – ‘Um dia a mais, um dia mais fortes!’
Os manifestantes deixaram suas faixas esticadas nas árvores do canteiro em frente ao prédio. Durante o ato, um luxuoso carro preto, com blindagem aparente e vidros escurecidos, saiu da garagem do edifício. Ficou a dúvida: seria o homem?

12/04/2010

Encontro começa em clima de esperança

Em auditório tomado por cerca de 150 lideranças de diversos estados e países, o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale foi aberto em tom de esperança e união. Durante apresentação inicial, duas constatações se impuseram com clareza: 1) em cada canto do país, e em parte considerável do planeta, a Vale atua com desrespeito social e ambiental; 2) em cada canto do país, e em parte considerável do planeta, há pelo menos uma voz lutando contra os danos da empresa. O Encontro visa, ao longo dos quatro dias, unir essas vozes para que, juntas, tenham força suficiente para enfrentar a Vale.
Peru, Canadá, Alemanha, França, Chile, Argentina, Moçambique e Nova Caledônia. Minas, Pará, São Paulo, Espírito Santo, Ceará, Maranhão e Rio de Janeiro. Todos esses lugares estavam representados por uma voz firme, em busca de resistência. Os trabalhadores da Vale Inco, no Canadá, ao declarar que estão há nove meses em greve contra a empresa, foram aplaudidos com louvor. “A gente está aqui para crescer, para se articular, para se unir”, disse Ana Garcia, da Fundação Rosa Luxemburgo, que abriu o evento.
Sandra Quintela, do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), apresentou em seguida a sequencia de projetos depredadores instalados, atualmente, na Baía de Sepetiba, por uma série de empresas :Vale-ThyssenKrupp, CSN, Usiminas, LLX.  Sandra apresentou os indicadores sociais da região, e as danosas transformações locais após a instalação dos distintos projetos. “A ThyssenKrupp disse na Alemanha que nesse lugar não havia ninguém”, afirmou a economista, em referência ao descaso social da empresa alemã que instala na região, junto à Vale, a Companhia Siderúrgia do Atlântico (CSA). Dados da Secretaria de Meio Ambiente do Estado apontam que a siderúrgica aumentará em 76% a poluição da cidade do Rio de Janeiro.
“Nós não podemos aprofundar esse modelo [de desenvolvimento] que está aí. Temos que lutar por outro. O Rio de Janeiro é a sede mundial da Vale. É aqui que se tomam as decisões, e é aqui que temos que intervir. É muito importante a gente sair desse espaço com uma estratégia comum de enfrentamento”, disse Ana Garcia. Ao final, gritos de protesto de todos os cantos em coro. “Água e energia não são mercadoria” era um deles, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

12/04/2010

Contrapropaganda no Rio de Janeiro


Na manhã do hoje (12/4), um outdoor bem diferente passou a ocupar espaço na Avenida Presidente Vargas, uma das mais movimentadas da capital carioca. Nele, uma mensagem provocativa: “trabalhadores explorados, famílias despejadas, natureza destruída. Isso vale?”. Para nós, que integramos I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, a resposta é não.
Essa contrapropaganda faz frente à visão massivamente veiculada pela empresa, que mostra funcionários sorridentes, trabalhando a serviço do “progresso” do país. Mas esse progresso serve a quem? É promovido a custo de quê?
Até o dia 15/4, organizações e movimentos sociais e sindicais, comunidades e populações de diversas partes do mundo permanecem reunidas para trocar experiências e vivências. Além de brasileiros de diversas partes do país, o encontro também conta com a presença de pessoas do Canadá, Chile, Argentina, Nova Caledônia, Indonésia, Peru e Moçambique. Todos têm em comum a vontade de protestar e propor alternativas ao atual modelo de desenvolvimento.
Hoje à tarde, os integrantes das Caravanas se unem aos pescadores e moradores do entorno da Baía de Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. A região sofre com a degradação socioambiental e o desrespeito aos diretos humanos provocados pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), uma parceria entre a alemã ThyssenKrupp e a Vale.
Foto: Luiza Cilente (Agência Pulsar Brasil).

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